Depois de Londres, fui pra França. Sempre sinto uma alegria especial quando coloco os pés nesse país. Sou extremamente grata à essa terra que me fez descobrir tantas coisas, abriu as portas de um mundo novo pra mim, me deu um diploma de linguista e, o mais importante, o amor da minha vida. A neve quase estraga a viagem novamente (durante alguns dias praticamente todos os trens pra França foram cancelados) mas cheguei inteira, ainda sem a mala mas com uma bolsa emprestada cheia de roupas de segunda mão compradas nas lojas de caridade de Londres. A viagem foi longa e o caminho estava totalmente branco.
Continuar lendo “Fim de ano feérico”Autor: papacapim
London, London
Cheguei ontem em casa, depois de 15 dias de aventuras no velho mundo. Quando digo “aventuras” não é no sentido figurado. O que deveria ser um viagem tranquila (alguns dias com meus amigos de Londres, natal e ano novo com a família de Anne no interior da França) se transformou em uma verdadeira odisséia. Tudo culpa da neve, ou da estranha falta de preparo dos europeus diante da neve. Fiz conexão em Zurich e meu vôo pra Londres, como todos os outros vôos daquele dia, foi cancelado. Considerando o fato que a Swiss pagou um hotel 4 estrelas pra eu passar a noite, com todas as refeições incluídas, as 24 horas de espera poderiam ter sido muito mais desagradáveis. Mas eu estava me lixando pros sete tipos de travesseiros (Plumas de ganso? Algodão orgânico? Pêlo de coelho prateado do Himalaia?) do quarto onde dormi. Eu só queria uma coisa: chegar o mais rápido possível na terra da rainha Bete, onde minha grande amiga Cida me esperava. Acabei chegando mas minha mala ficou em algum lugar entre as duas cidades e ainda não foi localizada. Mas vão-se as as botas e ficam-se os pés! Eu tinha planejado comer no meu restaurante vegano preferido, testar novos endereços veganos e passar várias horas na cozinha preparando minhas últimas invenções pra Cida, que também é vegana, e aproveitando a companhia dela e de Welder, um recifense que mora no meu coração e não paga aluguel (e que mora com Cida e paga aluguel). Mas como cheguei só com a roupa do corpo fui obrigada a passar três dias vasculhando as lojas de caridades da cidade (uma mina de ouro pra quem quer comprar roupa de segunda mão, baratíssima e de qualidade) pra recompor meu guarda roupa hibernal e acabei passando muito menos tempo curtindo a cidade e os amigos.
Continuar lendo “London, London”Férias no gelo
Faz nove dias que deixei o aconchego do meu lar em Belém, onde o inverno quase esquece de passar esse ano, e voltei mais uma vez pro velho mundo. Aqui o inverno foi bem menos clemente. Depois de 24 horas presa em Zurich por causa da neve e alguns dias com amigos em Londres, desde quinta estou na “França profunda”, onde as temperaturas chegam a -10. Entre as refeições que duram quatro horas, as reuniões de família, as tardes passadas tomando chá e conversando ao lado da lareira, o desafio de preparar pratos veganos pra minha família francesa ultra carnívora e as batalhas de bolas de neve, impossível postar algo com mais de cinco linhas nesse pobre blog abandonado. Mas eu vou voltar pra casa em breve e terei muito o que contar aqui.
Muffins e a magia do natal
Estou correndo contra o tempo essa semana, mas acho que esse é um comportamento generalizado no final do ano. Entre o trabalho, os projetos e os compromissos, ando me alimentando de vitamina de banana e ignorando solenemente a bagunça da minha casa. Pra agravar a situação viajo depois de amanhã e estou longe, longe de ter começado os preparativos pra viagem. Tudo que eu queria era me esconder embaixo dos cobertores e só sair de lá quando a fada da faxina tivesse passado, arrumado a casa, feito o jantar e preparado minha mala. Eu sei que a fada da faxina não existe, mas isso não me impede de sonhar com ela. Também queria que uma secretária com poderes mágicos fizesse o meu trabalho, escrevesse os artigos que tenho que escrever e respondesse meus e-mails. Eu sei, eu sei, secretária com poderes mágicos também não existe, mas é quase natal e tenho o direito de sonhar um pouquinho. Não tem gente que espera um velhinho vestido de vermelho aparecer?
Continuar lendo “Muffins e a magia do natal”Faça como os suíços
Quando o assunto é cereal muita gente pensa que granola é a alternativa mais saudável que existe. Se você é uma dessas pessoas saiba que a invenção americana* tem um irmão suíço que nasceu quase ao mesmo tempo, no finalzinho do século 19, e que é muito melhor pra saúde. A granola mudou bastante até se transformar no cereal doce e crocante que conhecemos hoje, mas o muesli (ou müsli) continua bastante próximo da receita original criada por um médico suíço em 1900. Embora os ingredientes de base sejam os mesmos (aveia, oleaginosas e frutas secas), exite duas diferenças fundamentais entre esses cereais. Enquanto a granola tem sempre alguma forma de açúcar e óleo e é assada, o muesli não é adoçado, não contém óleo e todos os ingredientes são crus. Como ele não passa pelo forno, a textura é leve. As sementes e oleaginosas acrescentam uma nota crocante mas o resultado final é bem mais delicado do que a granola. Continuar lendo “Faça como os suíços”
Gripada, mas sempre faminta
Desde a semana passada convivo com uma gripezinha chata que vai e volta sem no entando me deixar de vez. É muito raro eu ficar doente, acredito que devo isso à minha dieta super natural, então não vou reclamar. Até porque a gripe que me acompanha atualmente, além de não ser das mais pesadas, tem uma característica muito estranha: abriu meu apetite. Parece que quando o tempo esfria nada consegue calar meu estômago. Passei a semana me sentindo febril, com dor de cabeça e nariz escorrendo, mas isso não me impediu de fazer sopa atrás de sopa (meu jantar preferido no inverno) e até assar uma dúzia desses bolinhos maravilhosos.
Continuar lendo “Gripada, mas sempre faminta”Nutrição x Macarrão
(Você sabia que ao clicar em qualquer foto do blog ela fica do tamanho da tela? Não?! Estranhamente algumas fotos que publico aqui ficam ligeiramente “borradas”, como essa de cima. Experimente ver a foto em tamanho gigante e admire todo o esplendor verdoroso dessa salada.)
Continuar lendo “Nutrição x Macarrão”Vinte e nove
Dizem que os ciclos dos planetas têm uma influência na nossa vida. Saturno leva vinte nove anos pra dar uma volta completa ao redor do sol. Quando alguém completa vinte nove anos acontece o famoso “retorno de Saturno”, a primeira grande crise da vida adulta. É quando começam aquelas cobranças do estilo “Já conseguiu um diploma?”, “Já comprou uma casa?”, “Já casou?”, etc. É quando as pessoas sentem aquela vontade urgente de mudar de vida. Meu vigésimo nono aniversário aconteceu algumas semanas atrás. Um belo dia de novembro acordei e tinha vinte nove anos. Olhei ao redor e esperei a crise. Felizmente, ao fazer a análise desses vinte nove anos de existência, o saldo foi positivo. Realisei o grande sonho da minha vida, que era fazer faculdade no exterior. Descobri o que realmente quero fazer da vida e joguei fora o diploma da faculdade. Visitei vários países. Matei meu pai (foi Freud que mandou e é no sentido figurado) e perdoei minha mãe por não ter sido a mãe que eu sonhei em ter (quanto a me perdoar por não ser a filha que ela sonhou em ter, essa será minha missão durante os próximos vinte e nove anos). Fiz as pazes com meu corpo. Encontrei o amor da minha vida e tratei logo de casar com ela pra não perdê-la de vista. Não tenho casa, nem carro, nem sequer cartão de crédito e tudo que possuo cabe em uma mala (tirando minha vaquinha Macabéa), mas se engana quem pensa que isso me preocupa. Achei o meu lugar no mundo e sou muito feliz.
Continuar lendo “Vinte e nove”Patê globalizado
Cumprir minhas promessas parece missão impossível nesse fim de ano. A receita de hoje, que eu deveria ter publicado ontem, é minha última descoberta em matéria de patê vegetal. Eu estou sempre procurando/criando novas receitas de patês por vários motivos. Primeiro porque é minha maneira preferida de usar oleaginosas (se você perdeu meu último post sobre essas maravilhas da natureza clique aqui) e a garantia de me fazer comer castanhas, amêndoas e nozes diariamente. Segundo porque é uma das preparções culinárias mais práticas e versáteis que conheço. Fica ótimo dentro de um sanduíche, serve de recheio pra maki vegetal e rolinhos primavera crus, pode se transformar em molho pra macarrão e funciona até como mistura* na hora do almoço, ao lado de algum cereal e salada.
Continuar lendo “Patê globalizado”Um punhado de saúde
Muitas pessoas ficam impressionados quando me vêem comer nozes e castanhas todos os dias. A foto acima é a prova do quanto gostamos de oleaginosas aqui em casa. Meus amigos sempre me perguntam “Por que você come tudo isso?” e depois dizem “Se eu fizesse a mesma coisa engordaria muito”. De tanto ouvir essa ladainha resolvi escrever esse post pra explicar a importância desses alimentos no nosso regime.
Continuar lendo “Um punhado de saúde”Destinação Marrocos
De todos os países que visitei até hoje, o que mais me marcou gastronômicamente foi sem dúvida nenhuma o Marrocos. Eu adorei as cores, as paisagens e o calor do povo, mas foram os aromas e os sabores desse país que realmente me impressionaram. Me senti tão bem entre montanhas de especiarias, frutos e frutas secas nos suks de Fez e Marrakesh, gostei tanto dos chás com hortelã fresca tomados em frente ao mar de Tanger, das delícias típicas como couscous, bisteeya e tajine que comecei a cultivar um sonho tão exótico quanto o festival de sabores que minhas papilas tinham descoberto: morar em um país árabe. Mal imaginava eu que anos mais tarde o sonho se tornaria realidade na Palestina.
Continuar lendo “Destinação Marrocos”Um prato de poesia
Depois da lasanha, do festival de comida vegana e da batata gratinada, achei que esse blog estava precisando de algo mais leve.
Continuar lendo “Um prato de poesia”Queda de temperatura e aumento de apetite
O clima aqui na Palestina começou (enfim!) a esfriar. Os dias estão mais curtos, o sol se põe as 16h30 e a falta de luz me faz querer passar o dia inteiro de pijama, tomando chá e…comendo. O outono é a minha estação preferida e a que mais abre o meu apetite. Enquanto no verão eu sou capaz de passar semanas me alimentando unicamente de saladas, no outono eu só penso em comida que faz peso no estômago, como batata, aveia, pão e muita, muita sopa.
Continuar lendo “Queda de temperatura e aumento de apetite”O que um vegano come, parte 3
Continuando a saga, aqui vai a última parte do post de ontem. Pros que chegaram agora uma explicação rápida: decidi mostrar o que comi nos últimos dias pra mostrar que o regime vegano pode, e deve, ser saboroso e variado (não, eu não como grama, embora já tenha pensado seriamente no assunto). O objetivo é inspirar veganos que procuram idéias de refeições equilibradas e 100% vegetais e provar aos onívoros que ninguém precisa abrir mão do prazer de comer pra ter uma alimentação totalmente livre de produtos de origem animal. Continuar lendo “O que um vegano come, parte 3”
O que um vegano come, parte 2
Escrever um post sobre o que os veganos comem aqui parece redundante. Afinal veganos comem…tudo que aparece aqui no blog. Mas comecei a escrever de maneira mais específica sobre o assunto já faz um tempinho e vou continuar a discussão hoje. Durante as duas últimas semanas fotografei meus almoços (e algumas vezes jantares). O objetivo é duplo. Primeiro, gostaria de ajudar os irmãos veganos (ou que gostariam de ser veganos) a ter uma idéia do que eles podem comer no dia-a-dia. Conheci um vegano que só comia salada e frutas, pois não sabia o que mais comer. Esse coitado não sabia nem que a maioria dos pães são veganos, imagine! Não quero ver ninguém sofrendo de mal nutrição e culpando o veganismo por isso! Continuar lendo “O que um vegano come, parte 2”
Você merece lasanha
Foi uma semana difícil. Daquelas em que nada dá certo e os problemas não param de se multiplicar. A nuvem negra foi tão pesada que atingiu até minha cozinha. Fiz um bolo de maçã que foi parar no lixo (apesar da minha consciência ter doído, como acontece sempre que desperdiço comida) e almocei paratha (um pão indiano) cru, pois a receita não deu certo e a massa não assou direito (depois do episódio do bolo, não tive coragem de estragar comida pela segunda vez na mesma semana). Torço pra que o culpado disso tudo seja o tal do inferno astral, já que meu aniversário está próximo. Mas sem querer esperar a mudança de idade pra ver o fim dessa onda de acontecimentos negativos, resolvi tomar meu destino em mãos e melhorar a situação imediatamente. Fazendo lasanha. Continuar lendo “Você merece lasanha”
Delícia vegana de chocolate e banana
Na era pré-vegana da minha vida, criei um bolo de chocolate intenso e úmido que batizei, humildemente, de Supremo. Anos depois, a primeira receita vegana doce que criei foi inspirada nesse bolo. A mudança principal foi ter substituído os ovos por bananas. Eu estava muito apreensiva com relação ao resultado, mas o bolo que tirei do forno superou minhas expectativas. Ao invés de ter criado a versão vegana do Supremo, eu tinha criado algo completamente diferente. Não que isso seja ruim, claro. A receita rendeu um “fondant” de chocolate e banana. Os franceses gostam de usar a palavra “fondant” pra descrever bolos densos e levemente cremosos, que derretem na boca. Continuar lendo “Delícia vegana de chocolate e banana”
Alimentar e levar alegria pra dentro do corpo
Algumas semanas atrás, quando estava no QG da família, fiz uma sopa pro meu sobrinho mais velho, que é vegetariano. O rapaz leva uma vida corrida, entre as aulas na universidade e o trabalho, e não tem muita intimidade com as panelas, logo comer pratos vegetarianos saborosos nem sempre faz parte da sua rotina. Por isso quando estou em Natal gosto de cozinhar pra ele. Enquanto eu cozinhava pessoas iam chegando, sentiam o cheiro bom de comida, me perguntavam o que eu estava fazendo e decidiam se sentar pra esperar a sopa ficar pronta. A cozinha ficou cheia e o que inicialmente seria um jantar pro meu sobrinho e pra mim acabou virando jantar pra família toda. Comida tem o poder de reunir pessoas, levar alegria pra dentro do corpo e nos fazer passar ótimos momentos ao redor da mesa. Foi por isso que escolhi essa profissão: pra mim cozinhar sempre foi uma maneira de fazer as pessoas felizes. Continuar lendo “Alimentar e levar alegria pra dentro do corpo”
Muitas lembranças e uma receita
Voltei de viagem no final da semana passada e ainda estou escondida na minha caverna. Hoje é segunda e as férias estão oficialmente acabadas. Não posso continuar ignorando o trabalho acumulado e a pilha de emails esperando resposta, mas minha mente teima em ficar sonhando com as horas passadas no sítio dos meus pais, com a macaxeira cozida, o abraço dos sobrinhos, as tapiocas, o feijão da minha mãe, o carinho dos meus irmãos (e as discussões travadas com eles), o cuscuz de Daída…
Continuar lendo “Muitas lembranças e uma receita”Paris, Paris
Cheguei em casa há poucas horas, depois de três dias de viagem. Sim, por incrível que parece eu vim de avião, mas entre o Brasil e a Palestina tive que passar por três outros países. Depois de ter arrastado uma mala pesada, um laptop e uma mochila durante 72 horas, minhas costas doem tanto que estou andando como Quasímodo. Estou exausta, precisando de um bom banho e de no mínimo doze horas de sono, mas antes de fazer isso queria contar mais um pouco da minha viagem. Entre a lua de mel na Irlanda e as férias no Brasil, passei algumas vezes pela França. Ao todo fiquei quatro noites lá e aproveitei pra rever os amigos. Aqui vão algumas lembranças de minha última passagem pela cidade luz, que um dia foi minha casa. Continuar lendo “Paris, Paris”