Quase doze anos depois

Antes do veganismo entrar na minha vida eu adorava comer peixes e um dos meus preferidos era sardinha. Serei eternamente grata às latinhas de sardinha que eu comprava na mercearia da esquina e que me sustentaram durante parte da adolescência, quando eu estudava e trabalhava ao mesmo tempo. Durante mais de um ano eu almocei pão com sardinha (e café!) todo santo dia. Mais tarde, quando fui fazer faculdade em Paris, as pobres sardinhas continuaram sendo meu almoço, quase diariamente, durante os meus seis primeiros meses na cidade luz. Há anos deixei de comer sardinhas e agora minha alimentação, além de vegetal, é (felizmente) muito mais variada. Posso fazer como Franz Kafka e contemplar os peixes em paz. Vocês conhecem essa história? Dizem (dizem, porque naquela época a polícia vegana ainda não existia e não tinha nenhum representante pra comprovar o fato) que Franz Kafka, ao se tornar vegetariano, olhou pros peixes de um aquário e disse: “Agora posso contemplar vocês em paz: não os como mais”. Eu não fico em paz diante de aquários, pois lugar de peixe não é em caixas de vidros, mas vamos ignorar esse detalhe pra agradar os vegs que gostam de citar frases de outros vegs famosos (presente!).

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Pra acalmar grandes apetites

Esse será um post relâmpago, pois ando correndo de um compromisso pra outro e tenho exatos 23 minutos pra escrever esse texto, comer, tomar banho e sair novamente.

Na categoria de comida vegana, barata, simples e capaz de satisfazer os apetites mais vorazes tem essa massa com feijão e tomate. Tempos atrás descobri que na Itália o pessoal gosta de servir macarrão com feijão e embora eu tenha achado a ideia estranha no início, resolvi experimentar, fazendo minha própria versão do clássico italiano, e adorei o resultado. Certo, não é exatamente uma receita sofisticada, daquelas que a gente faz pra impressionar futuros sogros, mas ela quebra um tremendo galho quando você precisa de algo gostoso pra reconfortar o estômago.

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O que eu serviria

Lavar louça produz um efeito curioso na minha pessoa. Enquanto minhas mãos estão ocupadas, minha mente levanta voo. Impressionante como encarar fixamente a parede em cima da pia funciona como um trampolim pra minha imaginação. E olha que estou falando de uma parede coberta de azulejos beges sem graça. Nem ouso imaginar o tipo de devaneio que uma janela (com uma paisagem) desencadearia.

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Pequeno guia do macarrão perfeito

Espaguete com abobrinha grelhada, espinafre e alho

Graças ao amor incondicional que Anne tem por macarrão, pude criar infinitas receitas de massas. Já que sou obrigada a comer macarrão pelo menos uma vez por semana, procuro criar pratos que me agradem, acrescentando sempre uma dose generosa de legumes. O bom de comer algo que não gosto muito é que sou extremamente exigente com essas receitas e acabei me tornando uma expert em macarrão, o que nem de longe eu sonhava em ser antes de Anne entrar na minha vida. Sabe como é, quando a gente adora um tipo de comida qualquer versão dela (bem preparada ou não) agrada. Eu sou louca por sopa e, independente do que coloco na panela, dificilmente acho o resultado final ruim. Sopa pra mim é uma delícia de qualquer jeito. Já macarrão, que raramente sinto vontade de comer, precisa ser muito, muito bom pra me empolgar.

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O prato preferido dela

Macarrão gratinado com brócolis

Já expliquei aqui no blog que não sou muito chegada a macarrão, mas acontece que a senhora papacapim, aquela fotógrafa francesa que casou comigo, adora. Ela poderia comer macarrão todos os dias e ser feliz. A única coisa que a impede de fazer isso é que a cozinha é o meu território (ela só tem direito de entrar lá pra lavar a louça) e quem escolhe o que a gente come aqui nessa casa sou eu (e tenho dito!). Mas, pra ninguém me chamar de tirana (não que ela esteja reclamando dos meus quitutes, longe disso!), o cardápio da sexta é ela que escolhe. E adivinha o que ela escolhe s-e-m-p-r-e? Pois é, sexta é dia de macarrão aqui em casa. Por que sexta? Porque é o dia mais puxado pra ela, quando ela cobre várias ações (pense nos fotógrafos sem fronteiras) e depois de passar horas tentando fotografar dentro de nuvens de gás lacrimogêneo, desviando das  bombas de som e se protegendo das balas, bem, ela merece um pratão de macarrão. E minha tirania gastronômica amansa quando a senhora papacapim precisa de reconforto.

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Você merece lasanha

Minha lasanha preferida

Foi uma semana difícil. Daquelas em que nada dá certo e os problemas não param de se multiplicar. A nuvem negra foi tão pesada que atingiu até minha cozinha. Fiz um bolo de maçã que foi parar no lixo (apesar da minha consciência ter doído, como acontece sempre que desperdiço comida) e almocei paratha (um pão indiano) cru, pois a receita não deu certo e a massa não assou direito (depois do episódio do bolo, não tive coragem de estragar comida pela segunda vez na mesma semana). Torço pra que o culpado disso tudo seja o tal do inferno astral, já que meu aniversário está próximo. Mas sem querer esperar a mudança de idade pra ver o fim dessa onda de acontecimentos negativos, resolvi tomar meu destino em mãos e melhorar a situação imediatamente. Fazendo lasanha. Continuar lendo “Você merece lasanha”