Procurando o leite perfeito

Leite de amêndoas

No post anterior mencionei o fato de ter substituído o leite de soja por leite de amêndoas. Verdade seja dita: nunca fui fã de leite de soja. Assim que parei de tomar leite de vaca, meu primeiro impulso foi comprar uma caixa de leite de soja, mas achei o negócio intragável. No entanto tomei a caixa todinha, pois minha consciência pesa quando desperdiço comida. A cada gole eu pensava “Minha nossa senhora protetora dos veganos, será que não existe um leite melhorzinho que não venha da pobre Mimosa?” Felizmente as opções de leites vegetais são muitas. Resolvi então testar o leite de aveia. Meu amor por esse cereal já foi confessado aqui, então as chances de gostar do leite eram bem maiores. Meu encontro com o leite de aveia foi mais feliz, mas eu ainda achava que devia existir uma alternativa mais gostosa ao leite de vaca. Continuar lendo “Procurando o leite perfeito”

Mãe, aveia e reconforto

A melhor papa de aveia do mundo

Tem uma comida que ocupa um lugar especial no meu coração: papa de aveia. Papa de aveia lembra minha mãe e significa reconforto dentro de um prato. Durante os frios e escuros invernos franceses, eu costumava voltar pra casa depois de um cansativo dia de estudo/trabalho e preparar uma grande cumbuca de papa de aveia. Aquele era o jantar mais perfeito do mundo e me dava forças pra continuar minha dura rotina no dia seguinte. Quando me mudei pra Palestina, dividi uma casa com outras três moças durante seis meses. A triste realidade daqui e nosso trabalho voluntário no campo de refugiados ao lado consumiam toda a nossa energia. A noite a gente sentava na sala, cada uma com um prato de papa de aveia na mão, e conversava durante horas sobre a ocupação militar, nossos problemas e a vida em geral. Nós refazíamos o mundo ao redor da papa de aveia. Outro dia estava conversando com uma das meninas, a única que, como eu, ainda mora aqui, e chegamos à conclusão que minha papa de aveia nos ajudou a superar muita coisa. Continuar lendo “Mãe, aveia e reconforto”

Celebrando a culinária palestina

Aqui vai mais uma receita palestina pra vocês. Mudjadara é um prato a base de arroz e lentilha consumido em vários lugares do Oriente Médio. É um dos pratos tradicionais daqui que é naturalmente vegano. A primeira vez que comi Mudjadara fiquei encantada. Como é que essas palestinas conseguem fazer algo tão simples como lentilha e arroz ficar tão delicioso? Tratei logo de aprender a receita pra poder preparar o prato aqui em casa e desde então ele aparece na nossa mesa com bastante frequência. Continuar lendo “Celebrando a culinária palestina”

Abre-te sésamo

Salada Árabe e Molho de Tahina

Hoje eu quero dividir com vocês uma das maiores descobertas culinárias que fiz desde que me mudei pra Palestina: tahina. Tahina, ou tahini, é uma pasta de gergelim (as sementes são moídas até liberarem o óleo e se transformar em pasta) usada em vários pratos por aqui e nos países vizinhos. Ela entra na composição do famoso humus e de outras delícias pra espalhar no pão. Também é a base de um molho super cremoso usado em saladas cruas mas que também gosto de usar em saladas cozidas, no lugar da maionese. Os palestinos e israelenses gostam tanto desse molho que eles comem puro, com pão.

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Sementes: uma mina de saúde

Mix de sementes

Existe uma maneira simples e saborosa de acrescentar nutrientes à sua dieta. Sementes de jerimum, de girassol, gergelim e linhaça são uma mina de saúde. Essas sementes fornecem fibras, proteínas, vitamina E e do complexo B, ômega 3 (no caso da linhaça) e minerais como ferro, cálcio, magnésio, selênio, zinco e manganês. E pra ficar ainda melhor, são isentas de colesterol (como todo vegetal) e possuem as “gorduras boas” que protegem o coração. Continuar lendo “Sementes: uma mina de saúde”

Granola: duas versões

Granola de chocolate e granola com frutas secas

Sábado passado eu fiz um brunch pra quatorze pessoas aqui em casa. No menu tinha panquecas de batata, tofu mexido, queijo de castanha do Pará, bolo de laranja e amêndoas, granola, cookies e smoothie de cereja. Tudo foi devorado com entusiasmo pelos meus convidados e no final só sobrou a pobre da granola, esquecida no canto da mesa. Não que minha granola não seja gostosa mas quem, em sua sã consciência, vai comer granola quando tem uma bandeja de cookies de chocolate dando sopa? Pelo menos pude tirar uma foto da granola desprezada e agora vou dividir a receita com vocês. Continuar lendo “Granola: duas versões”

Meu passado me condena

Sopa de Cebola

Todos nós fizemos coisas no passado que preferíamos esquecer. Lá pelos onze anos comecei a criar receitas e anotá-las em um caderninho. Se esse caderninho ainda existisse eu iria queimá-lo, tamanha a vergonha que ele me causaria. Minhas receitas tinham ovo, salsicha ou mortadela (ou os três juntos), muita margarina, um pouco de cebola e tomate e eram “temperadas” com maionese, ketchup ou mostarda (ou os três juntos). E todas essas receitas iam parar invariavelmente dentro de um pão. Eu comia aquilo achando que tinha inventado uma obra prima da gastronomia. Continuar lendo “Meu passado me condena”

Adulterando receitas

Tabule adulterado

“Tabule” é um prato libanês bastante famoso em alguns lugares do país. Com tanto descendente de libanês morando no Brasil (tem mais libanês no Brasil do que no Líbano!), não é de se surpreender. No meu estado, porém, esse prato é totalmente desconhecido. A primeira vez que comi tabule foi em Paris, durante meus anos de universitária na cidade luz. Eu comprava tabule no supermercado quase toda semana.  Feito com semolina, algumas verduras, passas e um pouco de menta, eu achava aquilo tão gostoso que até esquecia todo o óleo e conservantes que comida comprada pronta tem. Eu não conhecia nada da culinária árabe e na minha grande ignorância pensava que estava comendo algo grego.

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Aquela que não gosta de chocolate

Pudim Cremoso de Chocolate

Eu não sou fã de chocolate. Quando criança, irritei muito minha irmã caçula por causa disso. Ganhávamos ovos de páscoas exatamente do mesmo tamanho mas o dela desaparecia em menos de um dia enquanto que o meu durava semanas. Ela se revoltava e falava pra eu comer logo tudo, pra ficar sem chocolate como ela (como é lindo o amor entre irmãs). Mas eu não aguentava comer mais do que um pedacinho por vez, muito menos comer chocolate todos os dias. Continuar lendo “Aquela que não gosta de chocolate”

Confesso que comi

Ensopado marinho

Outro dia eu estava conversando com uma amiga vegana sobre os diferentes tipos de pratos de origem animal que já provamos. Parece absurdo duas veganas ter esse tipo de conversa, mas estávamos jantando e minha amiga comia o paté defumado que eu tinha acabado de fazer. Ela nunca provou patê de origem animal e disse “Você tem sorte de já ter provado todas essas coisas. Agora você pode fazer versões vegetais de tudo e saber se o gosto se aproxima do original ou não.” Continuar lendo “Confesso que comi”

Uma das minhas melhores lembranças da França

Pain d'épices
Pain d’épices

Uma das coisas que eu mais gostava de fazer durante o inverno na França era visitar as feiras de natal (“marchés de noël”).  Durante as semanas que precedem o natal, feiras com produtos típicos dessa época do ano são organizadas em todo o país. Tinha uma na minha rua e eu adorava passar por ela voltando do trabalho. Os odores que escapavam dos estandes eram deliciosos: vinho quente com especiarias, chocolates e alguns pratos de inverno preparados com batatas e muito queijo derretido. Mas o que eu mais gostava de comer nas feiras de natal era “pain d’épices”. Continuar lendo “Uma das minhas melhores lembranças da França”

O que faz um bom chocolate

Tenho uma relação estranha com chocolate. Eu não gosto de comê-lo puro mas gosto de preparações com chocolate. Chocolate quente, por exemplo. Eu provei vários chocolates quentes na minha vida. A maioria não passava de leite com achocolatado totalmente sem graça. Na Espanha o chocolate quente é  bem espesso (tomado tradicionalmente com churros) e tem quase uma conscistência de pudim. Continuar lendo “O que faz um bom chocolate”

Revolução crua

Espaguete cru de abobrinha com pesto de tomate

Ouvi falar em culinária crua há alguns anos e não sei porque a idéia de comer pratos feitos com ingredientes exclusivamentes crus não me pareceu atraente. Todos nόs comemos pratos crus (ou deveríamos) diariamente e não tem nada de “exόtico” nisso. Por ser vegana, muitas vezes fui obrigada a me contentar de um prato de salada crua (alface, tomate, pepino) porque o menu do restaurante não dispunha de nada vegano. Acho que de tanto escutar “Não come nada de origem animal? Podemos fazer uma salada pra você.” fui ficando com raiva de salada. Continuar lendo “Revolução crua”