Dizem que os ciclos dos planetas têm uma influência na nossa vida. Saturno leva vinte nove anos pra dar uma volta completa ao redor do sol. Quando alguém completa vinte nove anos acontece o famoso “retorno de Saturno”, a primeira grande crise da vida adulta. É quando começam aquelas cobranças do estilo “Já conseguiu um diploma?”, “Já comprou uma casa?”, “Já casou?”, etc. É quando as pessoas sentem aquela vontade urgente de mudar de vida. Meu vigésimo nono aniversário aconteceu algumas semanas atrás. Um belo dia de novembro acordei e tinha vinte nove anos. Olhei ao redor e esperei a crise. Felizmente, ao fazer a análise desses vinte nove anos de existência, o saldo foi positivo. Realisei o grande sonho da minha vida, que era fazer faculdade no exterior. Descobri o que realmente quero fazer da vida e joguei fora o diploma da faculdade. Visitei vários países. Matei meu pai (foi Freud que mandou e é no sentido figurado) e perdoei minha mãe por não ter sido a mãe que eu sonhei em ter (quanto a me perdoar por não ser a filha que ela sonhou em ter, essa será minha missão durante os próximos vinte e nove anos). Fiz as pazes com meu corpo. Encontrei o amor da minha vida e tratei logo de casar com ela pra não perdê-la de vista. Não tenho casa, nem carro, nem sequer cartão de crédito e tudo que possuo cabe em uma mala (tirando minha vaquinha Macabéa), mas se engana quem pensa que isso me preocupa. Achei o meu lugar no mundo e sou muito feliz.
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Delícia vegana de chocolate e banana
Na era pré-vegana da minha vida, criei um bolo de chocolate intenso e úmido que batizei, humildemente, de Supremo. Anos depois, a primeira receita vegana doce que criei foi inspirada nesse bolo. A mudança principal foi ter substituído os ovos por bananas. Eu estava muito apreensiva com relação ao resultado, mas o bolo que tirei do forno superou minhas expectativas. Ao invés de ter criado a versão vegana do Supremo, eu tinha criado algo completamente diferente. Não que isso seja ruim, claro. A receita rendeu um “fondant” de chocolate e banana. Os franceses gostam de usar a palavra “fondant” pra descrever bolos densos e levemente cremosos, que derretem na boca. Continuar lendo “Delícia vegana de chocolate e banana”
Cozinhando com crianças
Eu tenho seis sobrinhos mas como moro do outro lado do mundo, sou muito menos presente na vida deles do que gostaria. Agora que estou em Natal aproveito pra recuperar um pouco o tempo perdido durante minhas longas ausências. Meu sobrinho mais velho tem vinte anos e o caçula tem cinco. Além dessa enorme diferença de idade, cada um tem gostos e personalidades únicas, de modo que o que diverte um, entedia o outro. Enquanto meu sobrinho mais velho me convida pra fazer palestras sobre direitos humanos* e encontrar seus amigos comunistas, o caçula me pede pra brincar de fazer vudu. Reconheço que sou uma tia atípica (tive a idéia de fazer o vudu com meu sobrinho uma tarde em que estávamos entediados, procurando uma brincadeira nova, e nos divertimos muito alfinetando –à distância- todos os membros da família), mas também faço coisas “de tia” de vez em quando, como levar as crianças ao cinema ou ao parque. E como não podia deixar de ser, também gosto de cozinhar com eles. Continuar lendo “Cozinhando com crianças”
Você precisa fazer essas panquecas
Eu tenho uma missão hoje: escrever o mínimo possível pra deixar você aproveitar a receita sem muita conversa fiada.
Aquela que não gosta de chocolate
Eu não sou fã de chocolate. Quando criança, irritei muito minha irmã caçula por causa disso. Ganhávamos ovos de páscoas exatamente do mesmo tamanho mas o dela desaparecia em menos de um dia enquanto que o meu durava semanas. Ela se revoltava e falava pra eu comer logo tudo, pra ficar sem chocolate como ela (como é lindo o amor entre irmãs). Mas eu não aguentava comer mais do que um pedacinho por vez, muito menos comer chocolate todos os dias. Continuar lendo “Aquela que não gosta de chocolate”
Uma das minhas melhores lembranças da França
Uma das coisas que eu mais gostava de fazer durante o inverno na França era visitar as feiras de natal (“marchés de noël”). Durante as semanas que precedem o natal, feiras com produtos típicos dessa época do ano são organizadas em todo o país. Tinha uma na minha rua e eu adorava passar por ela voltando do trabalho. Os odores que escapavam dos estandes eram deliciosos: vinho quente com especiarias, chocolates e alguns pratos de inverno preparados com batatas e muito queijo derretido. Mas o que eu mais gostava de comer nas feiras de natal era “pain d’épices”. Continuar lendo “Uma das minhas melhores lembranças da França”