Um presente pra mim (e uma proposta pra vocês)

Update 06/12: Anunciei as ganhadoras do ‘programa’ nos comentários.

Alguns dias atrás publiquei esse post explicando, entre várias outras coisas, que gostaria de ajudar todas as pessoas que me escrevem pedindo dicas e soluções pros problemas ligados à alimentação vegetal (dificuldade em fazer a transição, ganho de peso depois de ter adotado a dieta vegetariana ou vegana etc.), mas que infelizmente isso não é possível. Apesar do blog representar uma grande parte do meu trabalho (voluntário) eu preciso fazer várias outras atividades (remuneradas) pra poder pagar o aluguel e colocar comida na geladeira. Sonho em ser voluntária em tempo integral, bla, bla, bla, mas preciso pagar as contas como todo mundo, bla, bla, bla, não posso passar meus dias dando conselhos de graça na internet, bla, bla, bla. Vocês conhecem a história.

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Exclua bebidas doces da sua rotina

A última dica do mês de novembro e penúltima dica do Guia Papacapim de alimentação saudável é:

 Exclua bebidas doces da sua rotina

Mais uma vez, vou discutir um assunto que vai gerar polêmica por aqui. Ainda não encontrei ninguém que acreditasse que refrigerantes, comuns ou diets, são bons pra saúde. Mas estou me referindo aqui a todo tipo de bebidas doces industrializadas (energéticos, isotônicos, chás gelados) e sucos de frutas, industrializados ou naturais (é aqui que começa a polêmica). Eu já escrevi sobre isso aqui, mas pra mim esse assunto é tão importante que vale a pena insistir. Bebidas doces não passam de concentrados de açúcar em forma líquida, sem falar que a maioria delas contem ingredientes artificiais que não deveriam fazer parte da sua dieta.

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As perguntas que mais me fazem

Passei o fim de semana respondendo perguntas feitas pela simpática Samira Menezes, que publicou a entrevista no blog dela ontem, e fiquei pensando nas perguntas que leitores e pessoas que encontro pela vida me fazem com mais frequência. Então pensei em responder algumas delas aqui. Instalem-se confortavelmente no sofá (aceitam um café?) e vamos conversar um pouco.

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“Hoje eu acho fácil ser vegano, o difícil mesmo é amar, respeitar e aceitar a minha própria espécie”

Em julho minha amiga Johanna contou as razões que a levaram a se tornar vegana e como a mudança aconteceu na sua vida e eu não imaginava que quatro meses passariam antes que outro post da série ‘Porque me tornei vegano’ aparecesse por aqui. Mas aqui estou com mais uma entrevista que vai inspirar e fazer refletir.

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Sobre casa, os amigos dos meus amigos e minha excentricidade

Desde que voltei pro velho mundo, algumas semanas atrás, não parei de conhecer pessoas bacanas. Eu já tinha alguns amigos maravilhosos aqui e eles estão sempre querendo me apresentar os amigos maravilhosos deles. Assim, entre health coaches, refugiados políticos, requerentes de asilo, aspirantes a naturopatas, gente que fez do ativismo sua carreira e militantes de todos os campos, minha tribo bruxelense vai se formando. Mas apesar de gostar de conhecer pessoas,  e os amigos dos meus amigos são muito interessantes, esses encontros sempre me deixam um pouco nervosa, porque sei exatamente como será a nossa primeira conversa. Começa assim:

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Creme de quinoa e maçã

Por mais que eu adore minhas papas de aveia (e pelos comentários de vocês, não sou a única), faz tempo que venho procurando outros cereais pra transformar em café da manhã. Vi que algumas pessoas andam usando quinoa no lugar da aveia, mas minha tentativa de transformá-la em papa não foi satisfatória. Eu adoro o sabor e a textura desse cereal (que tecnicamente é uma semente, mas quem se importa?), porém ao aquecer quinoa cozida com um pouco de leite vegetal, o resultado foi… quinoa cozida com leite vegetal ao redor, não a papa cremosa que eu queria. Diferente da aveia, que se transforma em creme quando cozida, a quinoa continua do mesmo jeitinho. Como eu disse, eu adoro a textura da quinoa cozida, essas bolinhas que estouram na boca, e ela é muito bem vinda em saladas, sopas… Mas eu queira um café da manhã tão cremoso quanto as minhas adoradas papas de aveia. Tem algo na cremosidade de uma boa papa de aveia quentinha que me traz reconforto e aconchego, como se um cobertor invisível fosse colocado sobre os meus ombros e mãos invisíveis acariciassem os meus cabelos. Então deixei essa história de papa de quinoa pra lá e agarrei e beijei o pote de aveia, jurando-lhe fidelidade eterna.

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Diminua o número de cosméticos que você usa

Quem acompanha o Guia Papacapim de Alimentação Saudável deve ter percebido que novembro chegou e as dicas de setembro e outubro ainda não apareceram por aqui. Eu não abandonei esse projeto, muito pelo contrário, mas vários contratempos atravessaram o meu caminho. Então esse mês terá não uma, mas três dicas, pra compensar o silêncio dos últimos dois meses. Comecemos com dica número 9, que é:

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De dentro pra fora e de fora pra dentro

sopa de lentilha coral, jerimum e coco2

Algumas semanas são tão intensas que fico com a impressão de que um mês inteiro conseguiu se espremer entre dois fins de semanas. Teve as manifestações em solidariedade aos afegãos requerentes de asilo, que correm o risco de serem expulsos a qualquer momento, a visita de um dos meus amigos mais queridos, que me ajudava a fazer as oficinas pra crianças no campo de Aida (Palestina), uma palestra com o historiador israelense Ilan Pappé, que me deixou, como sempre que escuto sua lucidez estonteante, com vontade de sufoca-lo de abraços e beijos.

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Quase doze anos depois

Antes do veganismo entrar na minha vida eu adorava comer peixes e um dos meus preferidos era sardinha. Serei eternamente grata às latinhas de sardinha que eu comprava na mercearia da esquina e que me sustentaram durante parte da adolescência, quando eu estudava e trabalhava ao mesmo tempo. Durante mais de um ano eu almocei pão com sardinha (e café!) todo santo dia. Mais tarde, quando fui fazer faculdade em Paris, as pobres sardinhas continuaram sendo meu almoço, quase diariamente, durante os meus seis primeiros meses na cidade luz. Há anos deixei de comer sardinhas e agora minha alimentação, além de vegetal, é (felizmente) muito mais variada. Posso fazer como Franz Kafka e contemplar os peixes em paz. Vocês conhecem essa história? Dizem (dizem, porque naquela época a polícia vegana ainda não existia e não tinha nenhum representante pra comprovar o fato) que Franz Kafka, ao se tornar vegetariano, olhou pros peixes de um aquário e disse: “Agora posso contemplar vocês em paz: não os como mais”. Eu não fico em paz diante de aquários, pois lugar de peixe não é em caixas de vidros, mas vamos ignorar esse detalhe pra agradar os vegs que gostam de citar frases de outros vegs famosos (presente!).

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48 horas em Paris

Nesse último fim de semana eu estive em Paris pra participar do ‘Paris Vegan Day’, o maior evento vegano da França. Só dura um dia e reúne expositores de comida, cosméticos, marcas de roupas, sapatos e bolsas, tudo 100% vegano, além de várias associações vegs e de proteção aos animais. E não é tudo! Teve também palestras e aulas de culinária vegetal e como se isso não fosse suficiente pra deixar qualquer vegano com a impressão de ter morrido e ido direto pro paraíso, o local de evento, os Docks, nas margens do rio Sena, era lindo e tinha um restaurante vegano (MOB, especializado em hamburguers e outros sanduíches veganos) no térreo. O que mais pedir? Como não pude participar do VegFest em Curitiba, essa foi a minha consolação.

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Aquela sopa

tahine2

Quem diria que o clube da sopa era tão grande? Fico feliz em saber que tem mais gente interessada em sopa do que em sobremesa, mas não se preocupem. As sobremesas continuarão aparecendo por aqui. Então aqui vai a sopa que mencionei no último post, minha mais nova criação nessa categoria. Ela nasceu da necessidade de usar os únicos legumes disponíveis na geladeira: cenoura e couve-flor. Felizmente descobri que eles combinam divinamente bem e pra deixar a sopa mais interessante tive a ideia de juntar um punhadinho de coentro e umas colheradas de tahine. Couve-flor, tahine e coentro nasceram pra formar um menage à trois gastronomico, então o que tinha tudo pra ser uma sopinha sem pretensão e sem graça se transformou em um creme aveludado, de sabor delicado e delicioso. A sopa fez tanto sucesso que já repeti a receita três vezes em duas semanas. Como essa sopa só tem legumes, gosto de servi-la acompanhada de quinoa cozida, temperada só com sal, pimenta do reino e um fio de azeite, pra transforma-la em refeição completa. Sem falar que o contraste da sopa cremosa e das bolinhas de quinoa estourando na boca deixou a receita ainda melhor. Mas nada te impede de servi-la sozinha, como entrada.

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Quando o verão ainda estava aqui

Passei as últimas semanas procurando um teto (ainda estou sem endereço), por isso não ando fazendo nada muito excitante na cozinha. Criei uma sopa ótima, mas tenho a impressão que o clube dos apreciadores de sopa é pequeno e ninguém vai reclamar se ela não aparecer por aqui. Mas quando o verão ainda estava aqui pela Europa e eu ainda estava de férias, preparei alguns pratos deliciosos. 90% do mérito vai pros vegetais suculentos que cruzaram o meu caminho. Quando o produto é realmente excepcional, não precisa fazer muita coisa pra transformá-lo em uma refeição memorável. Por exemplo, uma salada de tomate com tomates orgânicos que amadureceram no pé e chegaram na sua mesa carregados de sol e suco é uma das coisas mais deliciosas que existe. Corto (o termo certo aqui é ‘rasgo’) os tomates maduros diretamente sobre o prato em que for servir, pra recolher todo o suco que escorre pelos meus dedos, depois tempero com um bom azeite, vinagre balsâmico, manjericão fresco, sal marinho em flocos e pimenta do reino moída na hora. Servida com um bom pão, de preferência feito com fermento natural, essa salada é um poema. Então aqui vão algumas fotos das delícias simples, outras mais complexas, que apareceram na minha mesa durante o verão, mais algumas descobertas gastronômicas.

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Recife, parte 2

Enquanto me adapto ao vento frio do começo do outono europeu (que saudade do calorzinho da Palestina nessa época do ano!), gostaria de dividir mais algumas descobertas que fiz durante as férias no Brasil. Depois da primeira visita à Recife, voltei à terra de Lenine pra dar uma palestra sobre as violações dos direitos humanos e resistência popular na Palestina. Era a ocasião perfeita pra visitar dois lugares que estavam na minha lista desde a última visita, então acabei estendendo um pouco a estada. Dessa vez descobri que minha irmã caçula, que me acompanhou durante a viagem, é na verdade minha gêmea. Algumas pessoas foram felicitá-la depois da palestra achando que ela era era eu, o que nos fez dar boas gargalhadas. Mas estou divagando. O que eu realmente queria contar pra vocês é o seguinte.

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A berinjela de dona Laura

Graças ao blog tive a honra de conhecer pessoas formidáveis. Uma delas foi Patrick (um doce de rapaz), que me ajudou a publicar essa entrevista na Revista Fórum. Ele chegou ao blog graças à esposa, Juliana (um doce de menina), que trabalhava com minha irmã caçula, que faz propaganda do blog pra todos que passam pela sua frente (obrigada, Lulu!). Na última vez que estive em Natal tive o imenso prazer de conhecer essa casal adorável e até improvisamos uma aula de gnocchi no apartamento deles. Nesse dia acabei conhecendo a mãe de Juliana, dona Laura, uma portuguesa que mora no Brasil há muitos anos. Naquela noite dona Laura preparou a melhor berinjela que já comi na vida! Eu tinha ido ensinar os meus amigos a fazer gnocchi e voltei pra casa com uma receita pra lá de especial.

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Pesto de verdade

Por alguma razão misteriosa (eu culpo as forças ocultas), até algumas semanas atrás eu nunca tinha feito pesto de verdade. Adoro meu molho de majericão com amêndoas, que já apareceu aqui no blog acompanhando meus nhoques, mas ele não é pesto. Um dia li um longo artigo sobre a arte de fazer pesto, picando tudo com uma faca grande (ou, melhor ainda, com uma mezzaluna) e pensei “Sou tão feliz com meus pesto cremoso falsificado, então por que me dar todo esse trabalho?”. Até que durante as férias na França uma vontade aguda de pesto me invadiu e como não tinha nenhum liquidificador por perto fui forçada a usar o método tradicional manual. Ô dia feliz!

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Um pressentimento bom

As férias na França acabaram ontem. Eu costumava ser uma viajante que, antes de sair de casa, sabia exatamente o que ia ver e fazer durante as viagens, mas hoje sinto um prazer imenso em viajar sem roteiro pré definido. Fui me dando conta que, pra mim, as coisas simples e os detalhes deixavam lembranças mais saborosas. Uma luz especial, uma nuvem, cores, um aroma trazido pelo vento, uma vitrine…

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Os cogumelos

Tanta gente ficou empolgada pra descobrir como comi os cogumelos colhidos no passeio pelo bosque que acabei ficando com receio de decepcionar vocês. Não fiz nada de mirabolante, nenhum prato sofisticado com eles. A verdade é que ingredientes de primeira, como aqueles cogumelos selvagens e fresquíssimos (recém saídos da terra), não precisam de muito tempero nem de preparações complicadas. Achamos melhor degustá-los da maneira mais simples possível: na grelha, com sal marinho, pimenta do reino moída na hora e nada mais. Porém, amigos, garanto que a simplicidade da receita foi inversamente proporcional ao sabor que elas nos ofereceu. Degustamos primeiro os cogumelos marrons, os maiores que vocês viram nas fotos do post anterior (em Francês eles chamam esse cogumelos de ‘cèpes”).

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Sonho de uma tarde de (quase) outono

Vou contar uma história pra vocês (a história será contada mais com fotos do que com palavras). Outro dia fui colher cogumelos no interior da França com Anne, Guy (um tio dela) e Annie (esposa do tio e madrinha dela). Sempre sonhei em procurar cogumelos na floresta. Pra quem nasceu no litoral do Nordeste brasileiro, essa é uma daquelas coisas que só vi em filmes. Estou passando uns dias na França, em uma região cercada de florestas, e como o outono está se aproximando pensei que não podia perder essa oportunidade de realizar um sonho tão antigo.

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Antipasto tricolor

Estou escrevendo essas linhas diretamente de um pub na Bretanha, que muitos consideram como a região mais bonita da França. Vou ficar uns dias por aqui, respirando o ar marinho e comendo galettes de trigo sarraceno e algas marinhas, duas especialidades desse lugar. Como não tenho muito tempo pra escrever esse post, vamos direto ao ponto.

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