Papa de aveia árabe

Alguns dias atrás o curso de Árabe que vim fazer aqui em Beirute terminou. Foram só cinco semanas, mas o alívio que senti no último dia de aula foi grande. Eu já tinha esquecido o que significa acordar cedo pra ir pra escola e passar a maior parte do seu dia sentada, olhando pra lousa ou pros cadernos. Mas adorei ter feito esse curso, pois aprendi, enfim!, a escrever e a ler em Árabe e conheci pessoas maravilhosas que espero manter na minha vida. E foi uma grande lição de humildade ser alfabetizada novamente aos 34 anos e ter que ler, na frente do professor e de uma sala repleta de alunos, com a mesma dificuldade e na mesma velocidade de quando eu tinha 6 anos (“b…b…ba…r…c…bar…co. Barco!). Aprender uma língua estrangeira depois de adulta é difícil, mas aprender uma língua estrangeira que tem um alfabeto completamente diferente do seu e que ainda por cima se escreve na direção oposta é como contratar um personnal trainer pros seus neurônios. Eles vão sofrer, suar, se esbaforir e quase colocar os bofes pra fora, mas sairão da experiência mais fortes e em melhor forma. Eu e meus coleguinhas de curso estamos nos sentindo muito mais sabidos agora do que cinco semanas atrás. Nos encontramos na rua e nos olhamos com respeito mútuo, pois fazemos parte do grupo que conseguiu conjugar os prefixos e sufixos do sistema verbal árabe- gênero, número, tempo e grau de probabilidade- escritos com letras que se metamorfoseiam de acordo com a posição dentro da palavra e que ainda por cima se escreve da direita pra esquerda!

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