Sobre as férias

Nem sei porque chamo o tempo que passo no Brasil de férias, pois sempre dou um jeito de trabalhar quando estou por lá. Mas imaginando que cabe um pouco de trabalho durante as férias, especialmente o tipo de trabalho feliz que faço, vou continuar chamando de férias. Acho que dessa vez a viagem a Natal foi ainda menos repousante porque passei várias semanas ocupada preparando a próxima etapa: Londres.

Mudei novamente de residência (e de continente) alguns dias atrás e estou escrevendo esse post sentadinha em um café vegano no leste de Londres. Mas antes de começar a escrever sobre esse novo capítulo da minha vida, quero compartilhar alguns momentos, descobertas que fiz e delícias que provei durante a viagem, na esperança de fazer durar um pouquinho mais os sabores dos trópicos, que ainda estão bem vivos na minha memória.

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Um coisa que descobri e que me deixou extremamente feliz foi que chia se tornou muito mais em conta de um ano pra cá. Em Natal encontrei chia por 24 reais/kg no Empório Papa Capim (não, a loja não é minha). E em Recife a chia estava pela metade do preço! No Empório Pura Vida ela sai por 12 reais/kg. Quase não acreditei! Lembro que quando comecei a comprar chia no Brasil ela custava 120 reais/kg nos supermercados. (Atenção: os supermercados da cidade ainda vendem chia a preço de ouro! Evite comprar lá.)

Ela é um dos alimentos mais interessantes que conheço e é uma maneira rápida e prática de aumentar a quantidade de proteína (completa!), fibras e ômega 3 da sua dieta. Por isso ela é um coringa na alimentação dos veganos/vegetarianos e foi uma mão na roda quando eu estava na estrada. Ela é fácil de ser transportada e você pode colocá-la na vitamina ou na sua aveia dormida, como já expliquei aqui no blog. Mas existem maneiras ainda mais simples de consumi-las: por cima de frutas frescas picadas/amassadas (mamão e banana, por exemplo), no cuscuz (salpique as semente diretamente no seu prato, não precisa hidratar antes, basta acompanhar a refeição de uma quantidade razoável de líquido) e no açaí. Esse último, coberto com banana e muita chia, se transforma em refeição de emergência quando você está em algum ponto remoto do litoral e não tem absolutamente nada de vegano no cardápio dos restaurantes.

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Também descobri que bolo de macaxeira, um dos meus preferidos e que eu tinha dado adeus desde que me tornei vegana, pode ser facilmente veganizado. O resultado é delicioso e o bolo também pode ser preparado sem glúten. Infelizmente não posso dividir a receita com vocês ainda. Uma moça fez esse bolo pra mim, no interior do RN, e embora ela tenha me passado a receita não consegui os mesmos resultados quando fiz em casa. Na próxima vez que eu for visitar a família no interior vou acampar na cozinha da moça e só saio de lá quando tiver presenciado a fabricação do bolo pra ver qual é o segredo.

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O piquenique Papacapim foi lindo. A berinjela de dona Laura, preparada pela própria, foi um sucesso absoluto. Descobri muitas delícias trazidas pelos amigos e leitores e conheci gente muito bacana. Também acabei dando uma palestra improvisada sobre a ocupação israelense na Palestina pra uma médica vinda de um país cujo nome eu esqueci. Alguns saguins compareceram e voltaram pras suas árvores indignados. Algumas pessoas também. E discuti longamente com meus amigos do Coletivo Abolicionista (que me convidaram pra fazer essa palestra) sobre o paradoxo do veganismo em Israel (um dia escrevo um artigo sobre o assunto). Uma tarde e tanto!

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Eu não podia esquecer o encontro, em Recife, com uma das pessoas que mais admiro no terreno do veganismo: o dr Eric Slywitch. Fiquei tão emocionada que quase não consigo conversar com ele. Praticamente tudo que sei sobre nutrição vegana eu devo a ele. Foi uma honra imensa fazer uma demonstração culinária durante o curso que ele ministrou na cidade (‘Emagreça sem dúvida’). Aprendi tanto que voltei pra Natal e compartilhei os conhecimentos recém-adquiridos com membros da família que querem perder peso. Foi muita informação valiosa e recomendo demais todos os livros do dr Eric. Falando nele, vocês conhecem a série de vídeos ‘Alimentação vegetariana sem dúvida?”. Toda semana ele publica um vídeo novo aqui. Imperdível!

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E antes de encerrar esse post, e encarar o frio do inverno londrino no caminho de casa, queria agradecer mais uma vez ao pessoal da SVB Recife que organizou os eventos dos quais participei por lá e que sempre faz torcida pra eu voltar pro Brasil e sair veganizando geral. Vocês estão bem guardadinhos no lado esquerdo do peito. Beijos especiais pra Bárbara, Tiago, Marcelo, João e Josias, que me acolhem com carinho desde a primeira vez que fui aí, Lígia, Adriano, as duas Camilas, Giulia, Luana, Régia, Diego, Fátima e todas as pessoas que participaram do retiro gastronômico na Serra Negra. E um beijo especial pra Camila e Rogério, que me hospedaram na última vez que estive na cidade e quase me matam de tanto rir. Aquele áudio que vocês me mandaram ainda está no meu telefone, pra eu escutar sempre que precisar dar uma risada. Obrigada pelos convites, pela atenção e por me tratarem sempre tão bem.

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 (Comendo aveia dormida, preparada especialmente pra mim por Camila. Não reparem na minha cara amassada de quem acabou de acordar. Já Camila é linda a qualquer hora do dia.)

Espero sinceramente poder visitar mais cidades brasileiras nas férias do ano que vem, fazer mais oficinas, mais retiros gastronômicos e conhecer mais pessoas. Dessa vez quero começar a organizar tudo com bastante antecedência, pra poder participar de um número ainda maior de eventos. Quem precisa descansar nas férias, não é?

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16 comentários em “Sobre as férias

  1. Sandra, eu faço um bolo de macaxeira vegano (que eu chamo “bolo de aipim”, que me parece tão bom ou melhor do que qualquer outro. Faz muito sucesso aqui em casa, e não tem mistério nenhum……

    1. Na verdade o ‘mistério’ estava nas proporções. Acho que elas não estavam corretas. Mas se você quiser dividir a sua receita conosco, eu vou ficar bem feliz 🙂

  2. Sandra, uma coisa que faço quando quero adaptar receitas da massa de pão e bolo é ir experimentando, na tentativa e erro. Uma hora vai, garanto.
    Gosto muito de acompanhar suas viagens e comidas – sempre fico com fome quando te leio.

    PS: aqui em SP já comprei chia por 6 reais/quilo, na zona cerealista. Aquele lugar é sensacional. Beijo

  3. Marisa, da Guiné-Bissau, na ponta-esquerda da foto, ao lado do marido, Mário 🙂

    A propósito, nós cometemos uma gafe, não pegamos o contato do casal de um grupo de direito dos animais que sentou ao nosso lado :/

    1. Eu achava que Marisa era de Guiné-Bissau, mesmo, mas não estava 100% certa. Mande abraços pra ela e pro marido. E o casal que estava do seu lado era Talita e Tiago, do Coletivo Abolicionista de Natal. Vou mandar o contato deles pra você por email.

  4. Olá Sandra,
    sou sua fã. Moro em São Paulo.
    Também conheço o Dr. Eric de curiosa. Quando voltar aqui não deixe de curtir os videos disponibilizados na NET da Bela Gil, filha do Gilberto Gil ed Fora Gil e que tem uma postura muito bacana quanto a alimentação. Ela sabe muito também… Acho que é sucesso na TV do GNT

  5. Oi Sandra!!! Tudo bem?
    Amo seu blog e sempre divulgo aos amigos 🙂
    Eu fiz a receita, ficou suave, mas gostei!!! E a primeira coisa que eu fiz foi tomar com café!!! E que coisa divina hmmmmmmmm 😀
    Mas queria tirar uma dúvida pro leite sair do melhor jeito….
    Queria saber se vc pode nos dizer quanto pesa +- a polpa de um coco médio. Eu tenho uma certa dificuldade em saber o que é pequeno, médio ou grande principalmente quando não tenho referência. Pra mim pequeno, médio e grande são relativos rs

    Ou me dizer +- o tamanho.

    Beijoooooo!!

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