Queijo cremoso de castanha

Estou escrevendo esse post num sábado, então ele vai ser breve. Mas além de ser extremamente simples, não vou precisar de muita falação pra te convencer que essa receita é uma delícia.

Em 2016 postei a receita do requeiju (requeijão de castanha de caju) que comi muito naquele ano. Desde então passei a preparar comidas fermentadas, trabalhei dois anos em uma queijaria vegetal em Berlim e até desenvolvi uma opinião bem impopular sobre queijos vegetais Juntou o meu conhecimento com fermentação com a busca por receitas mais simples e hoje meus queijos de castanha são bem diferentes do requeiju de 8 anos atrás. E muito mais gostosos. Essa é a magia das bactérias: elas fazem o trabalho por você e o sabor fica ainda melhor.

Essa receita específica veio da minha irmã Lu, que é vegana e é sócia de um café aqui em Natal, o Libre. Ela me contou que batia castanhas de caju demolhadas com água de kefir pra fazer o queijo de castanha cremoso servido no Libre. Comecei a fazer assim pra família, aqui na casa da minha mãe, e é sempre um grande sucesso. Mesmo entre pessoas não-veganas. O sabor é delicado, podendo acompanhar outros ingredientes complementando sem se impor, mas gostoso o suficiente pra ser degustado puro. Eu acho uma das coisas mais saborosas pra passar na tapioca (ou no pão, ou onde mais você quiser).

PS Sei que pouca gente tem grãos de kefir em casa e talvez você nem mesmo saiba o que significa essa palavra. Kefir é uma bebida fermentada feita com água (kefir de água) ou leite (kefir de leite). Pra fazer kefir você vai precisar dos grãos de kefir, por isso você precisa conhecer alguém que tenha os grãos em casa. Talvez dê pra comprar, mas não sei onde nem como, pois sempre peguei grãos de kefir de amigas que faziam a bebida pra consumo pessoal. Pra não alongar muito esse post, leia mais sobre grãos de kefir e sobre como preparar a bebida aqui.

Queijo cremoso de castanha de caju (fermentado)

Essa receita usa água de kefir (a água fermentada por grãos de kefir de água, não de leite!) pra fermentar as castanhas. Se você não conhecer ninguém que cultive kefir em casa, pode usar um pouco de missô (use um missô de ótima qualidade, de preferência feito com soja orgânica não transgênica). Como o missô é um alimento fermentado, as bactérias que vivem nele são capazes de fermentar seu queijo.

Castanhas de caju (natural, não as fritas/salgadas – pode usar a castanha quebradinha, que é mais em conta)

Água de kefir (ou missô – claro ou escuro)

Sal a gosto

Deixe as castanhas de molho de um dia pro outro. Ou, se tiver pouco tempo, ferva as castanhas por alguns minutos e depois deixe na água fervida por pelo menos uma hora. O importante é hidratar as castanhas pra que elas possam ser trituradas facilmente.

Escorra as castanhas demolhadas e coloque no copo do liquidificador. Acrescente sal a gosto e um pouco de água de kefir. Comece cobrindo aproximadamente 1/3 do volume das castanhas. Bata até ficar tudo bem cremoso. Você vai precisar parar o motor algumas vezes e raspar as laterais do liquidificador com uma espátula. Talvez você precise acrescentar mais água de kefir também (se não tiver suficiente, complete com água comum).

*Se tiver usando missô, acrescente aproximadamente 1 colher de chá de missô por xícara de castanha hidratada (mas pode ser mais, se gostar de sabores mais intensos) + água. Mais uma vez, só o suficiente pras lâminas do liquidificador funcionarem. Você quer um creme bem encorpado, então cuidado pra não acrescentar água demais. Como missô já é salgado, talvez nem precise acrescentar mais sal. Prove pra ter certeza.*

Quando as castanhas tiverem se tornado um creme espesso, sem nenhum pedacinho inteiro (esfregue entre os dedos pra sentir a textura), transfira pra um recipiente com tampa e deixe em temperatura ambiente até começar a fermentar. Nessa época do ano, aqui em Natal, meu creme fermenta em poucas horas se for durante o dia. Mas gosto mesmo é de deixar fermentando à noite, de um dia pro outro. Você vai perceber quanto tiver fermentado porque a pasta fica aerada (veja foto acima), com cheiro e sabor levemente ácidos. Se deixar fermentar demais, o queijo continua comestível, mas o sabor será menos agradável. Prove e veja se precisa de mais um pouco de sal.

Depois de fermentado guarde o queijo na geladeira (ele vai ficar um pouco mais firme depois de gelado). Se conserva vários dias na geladeira.

3 comentários em “Queijo cremoso de castanha

  1. Oi Sandra!
    preciso te contar que fiz e estou maravilhada! Que gosto mais especial!
    Improvisei um pouco, por que não tinha o kefir… mas tinha um pouco de kombucha que faço em casa, aí botei um gole dela junto com o missô, e pelo resultado imagino que as bactérias das duas coisas fizeram uma boa parceria neste trabalho! rs

    Apesar de hoje em dia você não ser mais uma entusiasta da reproduções de queijo vegetais, seria encantador se compartilhasse conosco mais do conhecimento que adquiriu na queijaria em que trabalhou.
    Concordo com sua posição, mas minhas lombrigas às vezes não…rs

    Beijos, obrigada por compartilhar esta!!

    1. Hahahaha! Bom saber que deu bons resultados com kombucha! Que lindeza é ver as bactérias se juntarem pra fazer parcerias e desenvolver novos sabores pra gente, né? Mesmo não sendo mais uma entusiasta de queijos vegetais que imitam queijos animais, sigo mais apaixonado do que nunca por bactérias e comida fermentada em geral.Eu terei prazer em compartilhar meus conhecimentos sobre queijaria vegetal com você, e com suas lombrigas:D

  2. Sim, uma linda mágica!!
    Confesso que ainda estou engatinhando neste universo, mas fico maravilhada com o processo e com os resultados que já pude presenciar.

    Então tá, super agradeço e estamos no aguardo!! rsrs
    =D

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