3 de janeiro

Eu não sei como foi o ano pra vocês, mas 2021 me deixou sentindo como se eu tivesse caído de um caminhão em movimento. Detalhe: a queda foi no meio de um cruzamento movimentado, então nem deu tempo de parar e conferir se estava tudo bem. Já tive que levantar, bater a poeira da bunda e correr pra não ser atropelada. Porque apesar dos meus pedidos encarecidos, 2022 não quis esperar e já está aqui. Eu não estou pronta, mas bora lá.

Em 2021 a situação de saúde da minha mãe, que tem Alzheimer, piorou e estive no Brasil duas vezes. Foram muitas horas com uma máscara FFP2 na cara, atravessando o oceano de cá pra lá e de lá pra cá. Quarentenas em cada ponto de chegada. E impossibilidade de visitar as amizades e familiares que moram em outras cidades. Daqui a um mês estarei no Brasil novamente, mas fico, mais uma vez, só em Natal. Dependendo da situação, quem sabe chego até Recife? 

Também tentei, sem sucesso, voltar a trabalhar em restaurantes de maneira regular. No fundo eu não queria, mas como minha principal atividade profissional (os tours políticos em Paris) foram cancelados desde o início da pandemia, minha situação financeira acabou me empurrando de volta pra esse caminho. Mas a maioria dos restaurantes veganos por aqui seguem atravessando dificuldades financeiras, ligadas à crise sanitária e econômica, e tá difícil pra todo mundo. Tenho algumas ideias de como voltar a ganhar o suficiente pra pagar os boletos (que são em Euros, miséria!), mas conto outro dia.

Mas teve muito amor esse ano. Depois de alguns anos sendo uma pessoa não-monogâmica, mas que só se relacionava com uma pessoa (eu brincava que era “não-monogâmica não-praticante”), eu me apaixonei novamente. Sempre tenho vontade de rir de quem acha que pessoas não-monogâmicas estão sempre namorando 5 pessoas ao mesmo tempo. Eu passo anos só com uma pessoa e nunca me aconteceu de me relacionar com mais de duas mulheres ao mesmo tempo. Mas isso é conversa pra outro dia. 

Foi o ano que o Instagram resolveu que eu não era mais bem-vinda por lá e desativou a minha conta. Eu já tinha planejado sair dessa rede no final do ano, então não foi algo tão dramático. As únicas coisas que me entristeceram nessa história foi não ter podido me despedir da galera que me seguia por lá e também ter perdido todo o meu conteúdo. Em 8 anos de Instagram eu produzi mais de 2000 posts e tem fotos que nem tenho mais. Mas olha, minha vida é tão melhor agora que não uso nenhuma rede social (nem IG, nem FB, nem Twitter, nem TikTok)! Infelizmente perdi muita gente que acompanhava o meu trabalho por lá e que não me lê aqui no blog. E teve o pessoal que deixou de apoiar o meu trabalho no Apoia-se. Entendo. E tudo isso está fora do meu controle, então segue a vida. Ainda tenho planos de fazer um vídeo ou texto sobre o que mudou por aqui desde de que não tenho mais o Tamagochi chamado Instagram pra alimentar de 3 em 3 horas, mas isso é conversa pra outro dia.

Sabe o que mais aconteceu em 2021? Fiz 40 anos. Parece uma idade tão séria. É agora que começa a crise de meia idade? “Meia idade”! Até escrever isso é estranho. Quer dizer que já vivi metade da minha vida e que à partir de agora terei vivido mais dias do que os que me restam pra viver? Eu fiz uma coisa bem bacana pra comemorar o meu aniversário, mas isso também é conversa pra outro dia. 

Passei o natal, que eu não comemoro, mas que compartilho com prazer quando estou em família, no interior da França, na casa do meu sogro. Foi tranquilo, respeitando as restrições relacionadas à pandemia de Covid, e aconchegante. Fiz essas fotos durante os dias que passamos por lá, quando praticamente não saímos de casa. Mas teve afeto da família, champanhe, conversas ao redor da mesa, livros interessantes e um fogo na lareira. E muita comida boa. Nas fotos acima tem o meu ceviche de cogumelo, abacate e toranja e uma versão simplificada – sem tapioca- dessa sobremesa.

Espero que o final do ano tenha oferecido um pouco de repouso pra vocês também. E me despeço com uma pergunta: o que vocês gostariam de ver mais por aqui em 2022? Algumas sugestões, que misturam vontades minhas com pedidos de vocês:

1- Lesbianismo, vida lésbica, luta LGBT+

2- Não-monogamia (já falei sobre isso nesse episódio do podcast Outras Mamas)

3- Militância, como se organizar, veganismo popular

4- Receitas, receitas pra estudantes, receitas pra congelar

5- Outros (fazer a gentileza de especificar 😉

Feliz ano novo pra nós. 

17 comentários em “3 de janeiro

    1. Eu também sou não-monogâmica e sempre respondo que isso não tem absolutamente nada a ver com ter várias relações ou parceiro.a.s. Tem a ver com ninguém ser dono de ninguém. Eu só não aceito que as decisões sobre mim (meu corpo, emoções, etc) sejam compartilhadas com outra pessoa (mesmo que eu sempre leve em conta que vivo numa sociedade e que minhas decisões têm impacto em outras pessoas etc). Agora quando me chamam de poliamorosa eu digo “não sou poliamorosa, sou marxista”, o que normalmente deixa a pessoa com uma cara perdida e já podemos falar de outro assunto.
      Moro na França e a pergunta mais típica é “você tem alguém?” eu respondo “tipo um escravo? não, eu sou contra possuir pessoas…” ;o)

  1. oiii, Sandra! eu saí de todas as redes sociais no início do ano passado e fiquei aliviada quando descobri o seu blog (eu já te acompanhava pelo insta), assim pude continuar te acompanhando!! espero que você continue aqui sempreeeeee!! aliás, em 2021 foi quando eu virei vegana, depois de me inspirar constantemente pelos seus posts!

    obrigada por compartilhar suas histórias com a gente!

    sobre 2022, minha preferência, em ordem, é: 1, 3 e 4.

    1. Eu estou por aqui desde o início de 2010 e não tenho planos de sair:) O formato blog é o mais adaptado pro que eu prefiro fazer (escrever), então enquanto não inventarem algo melhor, o Papacapim seguirá firme e forte. E que alegria saber que meus posts te inspiraram a se tornar vegana!

  2. Sandra, querida, obrigada pelos teus posts, histórias e receitas.
    Faço parte de uma “maioria silenciosa”, que aprecia teus posts mas nem sempre interage e comenta aqui no blog.
    Então pensei que fosse o bom momento de dar meu palpite :
    Minha preferência é o 4. Suas receitas são conhecidas e apreciadas por todos lá em casa, e até meus amigos reconhecem tuas delícias. Moro na França e quando faço algo gostoso sempre dize “C’est encore une recette de la fille PapacapiMMM ?. 🙂 Graças à ti, posso integrar o veganismo de forma simples, saudável e deliciosa ao meu dia a dia.
    OBRIGADA!

  3. Olá! Ontem eu queria mandar os seus links pra uma vegana que estava pela primeira vez pensando “também nos humanos”, falei de veganismo popular e ela ficou muito curiosa. E não achei o instagram, pensei que você tivesse fechado mas agora tô chocada que eles tenham fechado sua conta!!! Mas como assim, por que razão?
    Você foi a primeira pessoa que li sobre veganismo popular, quando ainda era vegetariana ou quem sabe até antes desse primeiro passo.
    Também moro na França (em Aubervilliers também) e muitas vezes tive vontade de traduzir seus posts pra poder compartilhar com amigos.
    Sempre te apresento como minha musa principal !
    Então aproveito pra agradecer por essa liberação (que é como sinto o ser vegana).
    <3

  4. Olá! Ontem eu queria mandar os seus links pra uma vegana que estava pela primeira vez pensando “também nos humanos”, falei de veganismo popular e ela ficou muito curiosa. E não achei o instagram, pensei que você tivesse fechado mas agora tô chocada que eles tenham fechado sua conta!!! Mas como assim, por que razão?
    Você foi a primeira pessoa que li sobre veganismo popular, quando ainda era vegetariana ou quem sabe até antes desse primeiro passo.
    Também moro na França (em Aubervilliers também) e muitas vezes tive vontade de traduzir seus posts pra poder compartilhar com amigos.
    Sempre te apresento como minha musa principal !
    Então aproveito pra agradecer por essa liberação (que é como sinto o ser vegana).
    <3

    (não consegui saber se a msg foi ou não, vou mandar de novo. Não sei por quê, não consegui me conectar nem com meu gmail nem com meu wordpress, consegui pelo fb e agora vi que posso só colocar meus dados, haha, desculpe a confusão…)

  5. Oi Sandra! Por algum motivo não recebi e-mail avisando desta postagem, mas agora li. Feliz ano novo! Obrigada pelo trabalho que faz aqui, te acompanho de antes do instagram também. Gosto de todos os assuntos, e também queria saber dos que você disse “isso é conversa para outro dia”. 😀

  6. Sandra, saudade de te acompanhar no Instagram em “tempo real”, mas o blog é uma delícia. Achei lindas as fotos que postasse. Tenta vir a Recife. Feliz ano novo. =)

  7. Eu fui uma das pessoas que busquei você no Instagram e senti falta do seu conteúdo por lá, mas agora já assinei para receber os avisos das suas novas postagens e continuarei lendo sempre por aqui!

    Sobre os conteúdos, eu gostaria muito de ler o que você estiver disposta a escrever, pois sempre me abre os olhos com realidades que eu nunca tive contato ou parado para pensar!

    Muito obrigada pelos seu trabalho e ótimo 2022 para você e toda sua família!

  8. Oi Sandra! Feliz 2022!
    Acho que todos os temas que você fala aqui me interessam (definitivamente você me tira da caixinha!) mas sem dúvida estou aqui pelas receitas, que sempre me inspiram! Adorei a ideia dos congelados, como eu tenho dificuldade em organizar minha rotina, sempre gosto de ver como você organiza a sua. Um beijão! 🙂

  9. Oi, acompanho seu blog tem um tempão. Também não uso mais as redes, o que é um alívio tremendo. Ansiedade não combina com redes virtuais. Adoro suas receitas. Estou me inserindo aos poucos numa dieta vegetal, e gostaria muito de saber mais sobre militância, como se organizar, etc.
    Parabéns pelo trabalho.
    Feliz 2022!!

  10. Fico muito feliz de você seguir compartilhando aqui seus textos com a gente. Eu tenho gostado mais de acompanhar esse tipo de conteúdo que aquele padrão fast food do tiktok e do zukerberg. Adoraria ler mais sobre militância, toda vez que te li e escutei fiquei inspirada para a luta e estou precisando me animar um pouco. Bj e desejo muita coisa boa aí pra você

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