Conversando com a senhora que vende macaxeira na feira que frequento aqui em Natal, descobri que na padaria do bairro dela tinha bolo de carimã. Pedi a receita, mas ao invés disso ela disse que poderia conseguir a carimã com um senhor que também vendia macaxeira. Como eu tentei fazer carimã em casa e não tive sucesso, fiquei empolgada com a possibilidade de ter acesso a esse ingrediente tradicional. Se você não conhece, carimã, também conhecida como puba, é macaxeira (mandioca) fermentada. Dá pra fazer muitas coisas com ela e como eu trouxe 1kg pra casa pude testar panquecas (só a massa com sal, cozinha na frigideira) e mingau (me levou de volta pra infância, quando minha mãe fazia mingau de goma pra nós). Mas eu queria mesmo era o tal do bolo, que nunca tinha provado, mas imaginava ser uma iguaria. Veja, bolo de macaxeira é o meu preferido e como adoro comida fermentada, a união dessas duas coisas tinha tudo pra me seduzir. E ela não me decepcionou!
Alguns avisos antes de passar pra receita:
-Carimã tem um sabor fermentado pronunciado, então só recomendo para as fortes. É daquelas coisas que você ama ou odeia, mas não fica indiferente.
-Bolos de macaxeira têm uma textura especial, densa e úmida. Não espere um bolo fofo, é um bolo rústico que implora por um café.
-Bolo de carimã é uma receita tradicional e como toda receita tradicional, cada cozinheira faz de um jeito levemente diferente. Essa é a minha versão, que adaptei de uma receita que encontrei na internet.
E pra quem não gosta de fermentados, pretendo compartilhar em breve minha receita de bolo de macaxeira, que é bem parecido com esse, mas não tem o sabor forte de fermentado.
Bolo de Carimã (puba)
400g de carimã (puba)
200ml de leite de coco fresco
3/4xíc. de açúcar
1xíc. de coco ralado fresco
2 col. sopa de farinha de milho
1col. chá (rasa) de sal
1/3xíc de óleo (girassol, coco)
1col. chá fermento
Goiabada de corte (opcional)
Aqueça o forno (temperatura média-alta).
Misture todos os ingredientes com uma colher de pau. Também uso um garfo pra desfazer os bolinhos de carimã e integrá-la aos outros ingredientes.
Despeje numa forma untada e enfarinhada (use farinha de milho se não quiser glúten no seu bolo). Use uma forma pequena pro bolo não ficar muito fino, já que essa quantidade faz um bolo pequeno. Se estiver usando goiabada, corte pedaços pequenos (você decide quantos) e distribua de maneira uniforme sobre a massa, apertando pra afundar um pouco. Leve ao forno e asse até passar no teste do palito e ficar bem dourado por cima (aqui levou um pouco mais de 1h. Macaxeira demora mais pra cozinhar que bolos à base de farinha de trigo).
OBS: não gosto de bolo doce demais, então prefiro sem goiabada. Já a minha família prefere com. Na segunda vez que fiz, achei um meio-termo: reduzi ainda mais o açúcar (a receita original usava 1 xíc.) pra fazer com a goiabada e deixar todo mundo feliz.
No Pontal do Coruripe, em Alagoas, tinha uma senhora que passava uma vez por semana, bem cedo, com seu carrinho de mão cheio de pés de moleque, bolos de milho, de macaxeira ou de puba e outras delícias enroladas em folhas de bananeira.
Como é bom recordar! Posso até sentir o gostinho quando fecho os olhos.
Na região onde moro às vezes encontro mandiocas africanas protegidas por filmes de cera. Quando cruzar com alguma vou tentar sua receita.
Muito agradecida, Sandra.
Como sou de São Paulo, não sabia o que era carimã, isso é mais uma coisa que conheci através desse blog.
Mas, uma coisa que agradeço muito a você (Sandra), por você ter divulgado: o site/aplicativo Happy Cow!
Soube desse site/aplicativo quando li uma das partes do Guia Vegano de São Francisco aqui no blog.
Fiquei algumas horas vendo o site Happy Cow; gostei para caramba, porque ele lista restaurantes veganos/vegetariranos em localidades em mais de 150 países, esse site é muito bom para quem é vegano que está viajando.
Achei até lugares veganos que não conhecia aqui em São Paulo como a Padoca Vegana (uma padaria vegana) e quero muito conhecer.