Uma semana quase crua

Me mudei novamente exatamente uma semana atrás. O apartamento novo é lindo, luminoso, espaçoso, minimalista, numa área calma, com o pé direito alto, piso de madeira, varanda e fica a poucos metros de um parque. Tudo que eu procuro em um lar. Uma pena que é mais um lar temporário e só ficarei algumas semanas aqui. O único problema é que o fogão não funciona. O eletricista deveria ter consertado isso no dia seguinte, mas não consertou nada e estou há uma semana sem a possibilidade de cozinhar em casa.

Tudo bem. O verão finalmente chegou em Berlim e quando a temperatura sobe acho uma delícia me alimentar com frutas e vegetais crus. Então teve sucos verdes, sorvetes de banana com cacau, pudim de chia com frutas e manteiga de coco, saladas, sopas cruas e geladas, rolinhos primavera com papel de arroz recheados com legumes crus e tofu defumado e um ou outro pedaço de pão (feito com fermentação natural) com o queijo azul (de castanha de caju) que ganhei de presente. Se preparem que a revolução dos queijos veganos está chegando! A semana foi quase toda crua, mas não totalmente e aproveitei a desculpa da falta de fogão pra comer na melhor pizzaria vegana da cidade e em um restaurante vietnamita também vegano incrível. O verão em Berlim tá bem bom.

De toda a comida que compartilhei no meu IG essa semana, um prato em especial causou uma empolgação inesperada. Não entendi o alvoroço provocado pela tagliatelle de abobrinha com molho de tomate e tahine, pois achei que todo mundo fazia “macarrão” de abobrinha crua em casa há tempos. Foi inclusive a primeiríssima receita que postei aqui no Papacapim, sete anos atrás. É uma técnica muito simples da cozinha crudívora e o resultado é delicioso. Se você ainda não conhecia a técnica, aqui vai a receita. E não deixe de conferir a receita de espaguete de abobrinha com pesto de tomate também, pois ela é tão deliciosa quanto esse e uma boa opção pra quem não consegue encontrar tahine onde mora. Se você tem um fogão que funciona em casa e prefere sua massa de trigo, mesmo, o molho também fica muito bom com macarrão tradicional e pode ser esquentado sem problemas.

Tagliatelle de abobrinha com molho de tomate e tahine (crua, sem glúten)

Eu usei tomate cereja daqueles bem saborosos e doces. Se tomate cereja na sua região for bem ácido, prefira usar tomate comum bem maduro. Uso 1cs de levedura maltada (levedura nutricional) porque adoro o sabor, mas é totalmente opcional.  Tahine boa tem uma cor clara e uma textura fluida. Procure em lojas de produtos libaneses. Como expliquei no texto acima, se você não consegue encontrar tahine sugiro essa outra receita de massa de abobrinha crua, igualmente deliciosa.

1 abobrinha italiana pequena (crua)

1x de tomate picado (cereja ou comum)

Um fio de azeite

Pimenta do reino moída na hora

Molho

1 1/2x de tomate picado

1 dente de alho pequeno

2cs de tahine (leia explicações acima)

Um punhado de manjericão fresco ou uma pitada generosa de manjericão desidratado

Suco de aproximadamente meio limão pequeno

Sal e pimenta do reino a gosto

Use um descascador de legumes pra cortar fitas de abobrinha crua, que será a massa. Quando você chegar no miolo da abobrinha vai perceber que é mais difícil fazer fitas, então pare por aqui e reserve o que sobrou do legume pra usar no molho. Seu “macarrão” está pronto pra ser usado, mas eu gosto de massagear as lascas de abobrinha com um pouco de sal e limão antes de misturar com o molho. Assim elas amolecem um pouco, como se estivessem cozidas.

Bata todos os ingredientes do molho, mais o que tiver sobrado da abobrinha, no liquidificador até ficar cremoso. Prove e corrija o sal, pimenta, limão, ervas. Despeje o molho sobre a tagliatelle de abobrinha e a outra xícara de tomate picado, misture um pouco e tempere com pimenta do reino moída na hora e um fio de azeite. Se ainda tiver umas folhinhas de manjericão, use pra decorar o prato. Eu gosto de degustar esse prato em temperatura ambiente, mas nada te impede de esquentar tudo em fogo baixo e servir quente.

Rende 1 porção como prato único.

Vai sobrar molho. Guarde na geladeira em um recipiente fechado por 2 dias. Use pra acompanhar legumes crus (cenoura, pepino) ou no que mais quiser.

5 comentários em “Uma semana quase crua

  1. Amei sua receita de abobrinha!
    Mesmo sendo bastante usual, a sua sempre tem um toque diferente!
    Você não conseguiria a receita do queijo azul, de semente de caju, pra postar pra nós?
    Fiquei babando!

    1. Graça, eu até consigo a receita, mas acho praticamente impossível fazer em casa. Você vai precisar da cultura de bactérias específicas pra queijo azul, um liquidificador extra potente, um umidificador (ou geladeira especial pra vinho) pra deixar o queijo envelhecendo algumas semanas na temperatura e umidade corretas… E muita paciência, claro.

  2. Fiz o tagliatelle de abobrinha esses dias e achei uma delícia! Até o Thiago, que geralmente prefere comida quente, gostou. Ficamos muito empolgados com a cozinha crudívora e estamos torcendo para que você publique mais receitas desse tipo. =)

    Beijos!

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