48 horas em Paris

Nesse último fim de semana eu estive em Paris pra participar do ‘Paris Vegan Day’, o maior evento vegano da França. Só dura um dia e reúne expositores de comida, cosméticos, marcas de roupas, sapatos e bolsas, tudo 100% vegano, além de várias associações vegs e de proteção aos animais. E não é tudo! Teve também palestras e aulas de culinária vegetal e como se isso não fosse suficiente pra deixar qualquer vegano com a impressão de ter morrido e ido direto pro paraíso, o local de evento, os Docks, nas margens do rio Sena, era lindo e tinha um restaurante vegano (MOB, especializado em hamburguers e outros sanduíches veganos) no térreo. O que mais pedir? Como não pude participar do VegFest em Curitiba, essa foi a minha consolação.

Paris Vegan day

Aqui vão algumas fotos do Paris Vegan Day pra vocês. Na ordem de aparição: croissants pra começar bem o dia, um dos stands mais disputados (todo tipo de delícia vegana à venda), posters explicando porque a alimentação vegetal é super inclusiva, marshmallows de vários sabores, burgers (de tofu) de vários sabores.

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Foi um dia muito especial pra mim, pois além de degustar todas essas delícias passei boa parte do dia com Carmelo, que eu conheci quando ele tinha apenas três meses, e Jean-Sé (o pai de Carmelo), um grande amigo de Paris. Eu cuidei de Carmelo durante muitos anos e sempre levo um susto quando nos encontramos: ele cresce numa velocidade estonteante! Foi lindo ter provado tanta coisa vegana com meu Carmelito, que já tem 11 anos, e entre uma mordida e outra ele me contava as novidades (“eu tenho um site onde só posto fotos dos meus pés”, “comecei a estudar a Talmud pra fazer minha Bar Mitzvah”, “não como mais carne”…). Fiquei impressionada com a quantidade de coisas que ele provou, de chips de kale e beterraba à queijo vegano, mortadela vegetal e granola crua de sarraceno, e no final do dia ele declarou: “Como é gostoso ser ecológico!”, o que eu achei hilário. Ele sempre foi um menino sensível e fez questão de assinar uma petição contra as touradas, que ele desaprova totalmente. Abaixo ele assinando a petição e provando todos os presuntos e mortadelas vegetais do evento:)

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O stand dos queijos veganos da marca Vegusto ( o nome da linha é uma graça: ‘No-Muh”) fez muito sucesso e até escutei uma senhora telefonar pra alguém dizendo empolgadíssima: “Você não vai acreditar, tem queijos veganos maravilhosos aqui! IMPRESSIONANTE!” Nas outras fotos: mais queijo e presunto veganos, calda de caramelo e chocolate à base de agave e cosméticos veganos.

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Falando em cosméticos veganos, fiquei feliz em encontrar a marca brasileira Surya por lá. E como o açaí está na moda por aqui, assisti à uma aula de culinária sobre esse ingrediente. Além dos shakes e cremes tradicionais, o chef preparou um ‘caviar de açaí’ com castanha de caju e shoyo muito interessante.

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Mais coisas interessantes que encontrei por lá: camisetas com mensagens veganas, sacolas com uma eco-cutucada que eu adorei e guias vegetarianos de cidades europeias.

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Aproveitei a viagem pra rever os amigos que moram na cidade e testar restaurantes veganos. Quando eu morava lá, Paris estava longe de ser veg-friendly, mas os tempos mudaram e hoje tem vários estabelecimentos veganos na cidade. Dessa vez testei dois restaurantes: Le potager du Marais e Bob’s kitchen. O primeiro serve comida gourmet de lamber os beiços e tive um almoço memorável com alguns amigos onívoros que saíram tão impressionados quanto eu. Provamos: croquete de quinoa com molho de cogumelo e assado de avelãs, ambos acompanhados de purê de batata, brócolis com creme e pera. Sublime. Uma das minhas amigas pediu o ‘bourguignon de seitan e cogumelo’, de um realismo impressionante, mas a foto não ficou nítida o suficiente pra aparecer aqui. As sobremesas foram: crème brulée de gengibre e fondant de chocolate com creme inglês. Vai lá: 24, Rue Rambuteau, pertinho do Centro Pompidou.

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Já o restaurante Bob’s kitchen oferece uma comida mais simples, vegetariana e vegana, mas o smoothie e o maki que pedi estavam ótimos. Minha amiga Simone, que me acompanhava, também adorou o sanduíche dela. Vai lá: 74, Rue de Gravilliers.

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Antes de voltar pra Bruxelas passei por um dos meus endereços preferidos na época em que a cidade luz era o meu lar doce lar. Laura Todd só vende cookies (orgânicos), mas eles são os melhores da cidade. Na verdade eles são os melhores cookies do mundo, na minha humilde opinião. Eles não são crocantes, têm uma textura macia incrível e são servidos mornos, assim os pedaços de chocolates permanecem derretidos. Quando me tornei vegana fiquei triste em abandonar esse prazer, mas qual não foi a minha alegria ao descobrir que Laura Todd (adorada, idolatrada, salve, salve, Laura Todd) começou a vender um cookie 100% vegetal e tão gostoso quanto os outros. Se você passar por Paris, não deixe de experimentar esse cookie pra lá de especial (um cookie custa 2 euros, mas prometo que vale a pena) . Fica em frente aos “Halles”, na rua Pierre Lescot. Pra ver os endereços das outras lojas, visite o site.

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E assim foi o meu fim de semana, cheio de surpresas boas, delícias, encontros, tempo passado ao lado de amigos queridos e caminhadas solitárias em uma das cidades mais belas do mundo, que um dia já foi minha. Paris é pra mim uma espécie de ex namorada com quem tive uma relação maravilhosamente intensa, que deixou só memórias boas (o tempo se encarregou de apagar as ruins), e a cada vez que a reencontro ela consegue me seduzir novamente e penso que seria uma delícia me perder nos seus braços mais uma vez.

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Paris, je t’aime.

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21 comentários em “48 horas em Paris

  1. Sandrinha, vários das veganices que você mostrou e citou eu já (a)provei, não sem a tristeza de não achar ainda no Brasil. Os queijos e embutidos são realmente impressionantes e a ideia de expor tudo para um público ávido é sensacional.

    Estive no Potager du Marais (uns 3 anos atrás), e o menu era semelhante, se não me engano. Achei caro, mas valeu pelo ar parisiense do lugar. Mas verdade mesmo? Achei a comida meio sem graça (talvez porque a expectativa fosse muita). A apresentação era linda e tudo, mas acho que se você fosse a chef, ohlala… Essa igreja talvez estivesse melhor com um papa. Papacapim.

    Grosses bisous

    1. O Potager du Marais era vegetariano e só se tornou 100% vegano ano passado. Será que eles melhoraram a qualidade dos pratos depois da mudança? Os preços são um pouco elevados, é verdade (pratos entre 19 e 21 euros), mas achei que valeu cada centavo. E pra completar o pessoal que trabalha lá é uma simpatia só, coisa rara em restaurantes parisienses.
      Adorei a piada do papa 🙂

  2. Que maravilha de evento.Deveriamos nos organizar e fazer dessas feiras demonstracoes para toda populacao que nao acordou ao fato que nao precisamos torturar nem matar animais para vivermos.

    1. Ana, o VegFest foi um evento no mesmo estilo do Paris Vegan Day e acho que a tendência é que mais encontros e feiras de exposições veganas sejam organizados no nosso país (estou de dedos cruzados).

  3. Que lindo evento, ainda mais numa cidade tão charmosa quanto Paris. Tive a oportunidade de conhecer esse ano, e mesmo também fazendo caminhas solitárias por todos os pontos que queria conhecer, me sentia tão perdidamente apaixonada pelo cenário histórico da cidade, que eu só precisava parar no tempo e apreciar tudo aquilo.
    E quanto ao evento, acho que no meio de todos esses queijos e presuntos, o croissant é o que me despertaria mais vontade de provar!
    Espero também ver fotos da sua nova cidade-lar.

    1. Croissant vegano até que não é tão difícil de encontrar em Paris (tem os ‘au beurre’, feitos com manteiga, e os ‘ordinaire’, feitos com margarina vegetal), Raíssa. Da próxima vez que passar por lá, é só procurar nas boulangeries mais populares (as chiques só trabalham com manteiga). E pode deixar que em breve post fotos do meu novo lar doce lar.

  4. Colega, fiquei super curiosa pra conferir as suas dicas. Coincidência ou não, estávamos falando de um retorno a Paris pra ver o que não deu tempo na vez passada.
    Obrigada por compartilhar estas dicas deliciosas!

    Beijo

  5. Bom dia, Sandra! Adoro acompanhar seu blog e testar suas receitas. Uma dúvida: uma amiga disse que o leite de amêndoas deve ser feito com amêndoas descascadas, pois a casca poderia irritar o intestino, ou coisa do gênero. Você já leu algo a respeito? Sabe onde eu posso me informar? Obrigada, abraços, Ana

    1. Nunca ouvi falar nisso, Ana. Amêndoas, assim como todas oleaginosas, são mais difíceis de digerir que legumes frescos, mas ao deixa-las de molho você melhora muito a digestibilidade delas. Quanto à casca, se você coar o leite ela não será ingerida. Mas tomo leite de amêndoas com casca (coado e não coado) há anos e isso nunca foi um problema.

  6. Bonsoir, amiga Sandra!!! Vamos ver se conseguimos lhe fazer uma visita à sua nova cidade-lar.
    A propósito, ficamos apaixonados por Natal! Te escrevo mais por e-mail depois.
    Um grande beijo, paz e luz pra vcs sempre!

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