Considere a vinagrete

Às vezes penso: “Vou postar isso? Quem não sabe preparar esse prato, minha gente?” Mas fui surpreendida tantas vezes com o nível de afastamento entre a cozinha e tantas pessoas que com certeza tem alguém que não sabem fazer vinagrete lendo esse blog. E isso é uma pena.

Se engana quem pensa que ela é acompanhamento apenas de churrasco/espetinho. A mágica da vinagrete é que essa salada crua picada realça praticamente tudo que ela toca. Tem dois fatores que contribuem pra isso. O primeiro é, como o seu nome deixa claro, a acidez. Muitas vezes o espaço que separa um prato “mais ou menos” de um prato delicioso são algumas gotinhas de limão, ou outro ingrediente que traga acidez, como vinagre. A sopa tá sem graça? Taca limão que melhora. O segundo fator que faz a vinagrete deixar tudo mais interessante é a textura. Crocante (os vegetais são crus), mas delicada (é tudo picadinho), ela traz contraste de textura e isso é muito importante pra montar um prato saboroso (“prato” no sentido “refeição”).

Experimente fazer vinagrete pra acompanhar um simples prato de feijão com arroz e você vai ver a transformação. Sem falar que tem o fator nutricional também. Rica em vitamina C (por causa dos vegetais crus e do limão) ela ainda ajuda seu corpo a assimilar melhor o ferro do seu feijão. O que mais pedir?

Não é um acaso se tem versões de saladas cruas e picadas em outras partes do mundo. Como a salada árabe, que faz parte do repertório de receitas desse blog há 15 anos. Ela está presente todos os dias nas mesas palestinas e acompanha todas as refeições, do café da manhã ao jantar.

(É doído falar da culinária palestina nesse momento em que o poder colonial, Israel, está matando a população de Gaza de fome.)

Então esse post não é sobre ensinar a fazer vinagrete, e sim sobre te incentivar a comer mais vinagrete. E tem mais.

Conhece uma planta chamada “vinagreira”? Extremamente popular no Maranhão, a folha da vinagreira tem uma sabor ácido delicioso e entra no prato mais famoso do estado, o arroz de cuxá. Semana passada encontrei, pela primeira vez, folhas de vinagreira na feira que frequento. Trouxe pra casa e tive a ideia de incluir na minha vinagrete. Sucesso total. Se você não tiver folhas de vinagreira, sem problemas. Só queria deixar mais uma ideia aqui: se um dia você encontrar vinagreira na feira, fica uma belezura na vinagrete.

Vinagrete com vinagreira (ou não)

As quantidades ficam, como sempre, a seu critério. Uso a mesma quantidade de tomate e pimentão, mas uma medida menor de cebola. O coentro é essencial e gosto de usar bastante. Pimenta de cheiro é controversa: eu gosto, mas conheço quem ache uma heresia colocar esse ingrediente na vinagrete. E apesar do nome, gosto de usar apenas limão pra temperar, enquanto muita gente usa vinagre ou uma mistura de vinagre e limão. Gosto da minha vinagrete bem azedinha, mas como a vinagreira tem um sabor ácido, precisei usar menos limão dessa vez pra obter o mesmo resultado.

Tomate

Pimentão verde

Cebola branca ou roxa

Coentro

Folhas de vinagreira (opcional)

Pimenta de cheiro (opcional)

Limão, azeite, sal e pimenta preta

Pique os três primeiros ingredientes em cubinhos bem miúdos. O tamanho importa e qualquer apreciadora de vinagrete te dirá que tem que ser bem miudinho, mesmo. Pique o coentro, as folhas de vinagreira e a pimenta de cheiro, se estiver usando. Misture tudo e tempere com limão, azeite, sal e pimenta preta a gosto.

Sirva como acompanhamento do que quiser. E, graças ao limão, vinagrete é uma salada crua que continua gostosa no dia seguinte, então não tenha medo de guardar os restos pra serem degustados no almoço de amanhã.

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