Um jantar na Toscana

Faz menos de 24 horas que cheguei em Tel Aviv e estou escrevendo essas linhas da casa da minha amiga Johanna. Ontem tomei café da manhã em Paris. Antes de ontem no interior da França e dois dias antes disso eu estava na Itália. Passar de um país pra outro nessa velocidade me deixou tonta e meu cérebro ainda está processando as mudanças.

A semana na Toscana foi curta pra aproveitar plenamente das maravilhas locais (a comida, as paisagens, a luz…), mas uma das coisas mais bacanas da viagem foi preparar um jantar especial pra vinte pessoas. O convite veio de uma amiga italiana que criou um centro comunitário informal onde ela organiza jantares veganos, aulas de culinária e vários outros eventos interessantes.

Ela e o namorado cultivam vegetais orgânicos e o menu foi inspirado pelos legumes e frutas da estação, que crescem ali no campo deles. Tive o imenso prazer de preparar uma refeição com ingredientes colhidos poucas horas antes, a poucos metros da cozinha onde trabalhei.

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Ainda estou me recuperando da longa viagem e a partir de amanhã estarei ocupada com os preparativos pro tour que começa dia 4 (a ansiedade está nas altura e mal posso esperar pra encontrar o grupo!), mas deixo vocês com algumas fotos do jantar. Foi um dia muito especial. Pude falar um pouco do tipo de culinária que me interessa e dividir algumas delícias com um grupo de veganos, vegetarianos e onívoros. E ainda teve uma conversa muito interessante com os convidados, que fizeram várias perguntas sobre veganismo e nutrição vegetal. O trabalho foi intenso, mas o evento foi muito gratificante.

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Eu e minha amiga estamos planejando um evento ainda mais especial pro ano que vem: um curso de culinária vegana de uma semana, acompanhado de visitas gastronômicas (veganas) pra descobrir as belezas e a culinária toscana. Estamos pensando em fazer isso no final do verão europeu, em um vilarejo perto de Pisa e se nosso projeto se realizar será uma experiência inesquecível.

E pra quem ficou curioso em saber o menu do jantar, lá vai. Entrada: salada de endro, laranja e azeitonas, toast com pão feito em casa + com hummus de feijão borlotti (como um hummus comum, mas trocando o grão de bico por feijão). Prato principal: farro (mais informações sobre esse tipo de cereal aqui) acompanhado de couve-flor assada com molho de nozes e tomate seco (tirado dessa receita) e omelete de grão de bico com queijo de castanha fermentado, beterraba e ervas frescas. Sobremesa: cheesecake de maçã com caramelo ligeiramente salgado.

Vou aproveitar pra agradecer publicamente Giada e Marco pelo convite, pela hospitalidade, por terem sido meus ‘sous chefs’, pelas inúmeras dicas e por terem dividido comigo o segredo da maravilhosa ‘torta di ceci’. E preciso agradecer também minha fotógrafa preferida, Anne Paq, que fez as fotos que aparecem aqui. Não é todo mundo que tem o privilégio de viajar com uma fotógrafa que aceita o pagamento em comida:)

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E como eu me apaixonei perdidamente pelo queijo de castanha com beterraba e ervas frescas, que além de uma delícia tem uma cor linda, aqui vão as instruções pra vocês prepará-lo em casa.

Queijo de castanha fermentado, beterraba e ervas frescas

Você pode servir esse queijo sobre pedaços de omelete de grão de bico (receita aqui), como eu fiz no jantar, ou usá-lo como recheio pra sanduíche.

Queijo de castanha fermentado (receita aqui)

Beterraba crua ralada, de preferência orgânica

Sal, pimenta do reino e ervas frescas (usei manjerona, tomilho, cebolinha e alecrim)

Comece preparando o queijo, que precisa fermentar durante alguns dias. A receita rende aproximadamente 2x.

Quando o queijo estiver pronto misture com a mesma quantidade de beterraba ralada. Tempere com sal, pimenta do reino e ervas frescas a gosto.

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19 comentários em “Um jantar na Toscana

  1. Adoro acompanhar tuas andanças pelo mundo! Torço para que seus projetos se realizem, te façam feliz e que possas compartilhar com a gente!

  2. aMei e desejo que se divirta o máximo aprenda tudo que se interessar e desfrute te todas maravilhas aí. Acho viajar maravilhoso desejo a voce a voces tudo de bom maravilhoso e encantador nesse tour ai na Europa

  3. Sandra, esse “cheesecake” é aquele que vc fez em Recife? Se for eu imagino a felicidade de quem foi pra esse jantar… E por favor, reserve uns dias em Recife no ano que vem pra fazer alguns eventos parecidos… 😉

  4. Sandra, faz tempo que não comento… você tem tido idéias e ações sensacionais, dá gosto de ver. Estava aqui presa nas preocupações do dia a dia e ler seu post foi uma boa viagem. Tomara que ano que vem você repita essas experiências certamente inesquecíveis e eu possa fazer parte delas. Tudo de bom pra vocês!!! Beijos

  5. Olá Sandra! Tenho visto várias receitas do seu site, e Parabéns, você é uma excelente cozinheira. Eu gosto de cozinhar e queria te perguntar sobre uma receita, se for possível você responder. Na receita do omelete vegano, você usa farinha de grão de bico, que você ensina fazer deixando o grão de bico cru de molho por entorno de 8h e depois batendo no liquidificador. Eu queria te perguntar por que você não bate o grão de bico cru no liquidificador até virar farinha. Tem alguma contra indicação? Você acha que é um modo de fazer a farinha de grão de bico simplesmente batendo o grão de bico cru e seco (sem deixar ele de molho na água antes), direto do pacatinho para o liquidificador? Eu vi uma receita que ensina a torrar o grão de bico cru e seco e depois batê-lo no liquidificador. Eu fiz essa receita e deu certo. O que você acha? E você acha que precisa torrar o grão de bico cru e seco antes de bater no liquidificador ou não precisa torrá-lo antes?
    Bom, se for possível gostaria de fazer outra pergunta gastronômica. Na receita de Queijo de castanha fermentado, você diz “O missô é a chave dessa receita: é ele que vai trazer as bactérias bacanas responsáveis pela fermentação do queijo vegetal” e eu queria perguntar se é possível substituir o missô por algum outro ingrdiente, que não seja de soja? Existe algum outro ingrediente que pode entrar no lugar do missô, fazendo o papel dele nessa receita?
    Agradeço sua atenção. Te desejo muito sucesso. E queria agradecer por você compartilhar na internet conosco tão saborosas receitas. Obrigada. Daniela (meu e-mail: danielagr_@hotmail.com)

    1. Daniela, eu não bato o grão de bico no liquidificador pra fazer farinha porque ele é extremamente duro e nem todo liquidificador aguenta um trabalho desse. Porém se você testou e deu certo, continue fazendo assim.

      Quanto ao missô, você pode tentar usar algum legume fermentado naturalmente (como repolho). O importante é usar um ingrediente fermentado, pois você vai precisar dessas bactérias pra fermentar o queijo. O sabor deve ficar diferente, claro, mas talvez fique interessante. Boa sorte.

  6. Olá Sandra,

    Adoro suas dicas, sempre recorro aqui quando pretendo cozinhar algo especial (quase sempre, rsrs) 🙂

    Conta um pouco mais sobre esse centro, achei muito interessante. Irei a Toscana em Janeiro e adoraria visita-lo. Além disso, se possível, me envia algumas dicas de lugares com comidas veggie 😀

  7. Olá Sandra, tudo bem? Sandra, estou planejando ir para a Europa no ano que vem, durante o verão e vi nesse post que você comentou estar planejando um curso de alimentação vegana em 2015, na Itália. Você poderia, por favor, me colocar em alguma lista para saber quando exatamente esse curso vai acontecer? Fiquei com muita vontade mesmo de participar. Muito obrigada!

  8. Oi Sandra! Adoro suas viagens, seus posts, suas receitas. Tudo revela o encontro de amor existente entre você e sua arte. Gostaria muito de estar presente nesta viagem pela Itália, quando tiver traçado seu formato peço que me avise.
    Gratidão por compartilhar!

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