Como enfrentar a resistência dos seus pais com relação ao veganismo

Algumas semanas atrás recebi um e-mail que me tocou bastante.

Meu nome é Gabriela e tenho 13 anos, atualmente sou ovo-lacto-vegetariana e consegui isso com muito esforço, pois ninguém na minha família é vegetariano, e principalmente minha mãe, tem medo que eu fique seriamente doente por causa de minha alimentação. Meu maior desejo agora é virar vegana, li muito sobre isso, só que veganismo minha mãe não concorda de jeito nenhum, ela acha que é exagero e perigoso e como só tenho 13, tenho que obedece-la, mas tem algum jeito de eu a convencer de que o veganismo é saudável? O que você sugere?

Fiquei muito feliz em saber que tenho uma leitora tão jovem e tão determinada a fazer uma diferença através da sua alimentação. Enviei um e-mail com as dicas que achei mais apropriadas, mas fiquei pensando que talvez a resposta às perguntas de Gabriela ajudem outros leitores. De vez em quando recebo e-mails de adolescentes que estão na mesma situação, então me parece que faz sentido escrever um post sobre o assunto.

Antes de passar pros conselhos, gostaria de dizer o quanto admiro a sensibilidade e a coragem dos jovens que decidem, apesar da torcida contra da família e dos amigos, adotar uma dieta mais ética, mais ecológica e que faz prova de compaixão com animais humanos e não humanos. Se já é difícil tomar essa decisão quando somos adultos, donos do nosso nariz e do conteúdo da nossa geladeira, imagine então o quanto isso é complicado pros adolescentes, que dependem financeiramente dos pais e que têm que comer o que eles colocam na mesa.

Eu mesma parei de comer carne vermelha no início da adolescência. Não foi por motivos éticos, simplesmente nunca gostei de carne. Minha mãe não viu problema nenhum nesse meu comportamento, pois ela cresceu no sertão, em uma família muito pobre que não comia carne quase nunca, então ela sabia que tem muita gente vivendo sem carne por aí. Mas, diferente da leitora que me escreveu, eu ainda comia frango e peixe, além de ovos e leite. Acho que se eu tivesse me tornado vegana, ou mesmo vegetariana, naquela época minha mãe não teria sido tão compreensiva.

Alguns conselhos pros adolescentes que querem adotar o vegetarianismo/veganismo, mas que estão se deparando com a resistência dos pais onívoros:

– Primeiro de tudo: tenha uma conversa franca com seus pais e explique os motivos que te fizeram tomar essa decisão. É importante que eles entendam que você quer escolher o vegetarianismo/veganismo por razões éticas, não porque está querendo aderir a uma possível “moda”, sem avaliar as consequências que isso terá na sua saúde. Sabendo que você fez essa escolha guiado(a) pela compaixão, será mais fácil pros seus pais respeitar a sua decisão.

-Se informe bastante sobre nutrição vegetariana/vegana. É normal que seus pais, e familiares em geral, se preocupem com a sua saúde, já que a vida inteira eles escutaram que precisávamos de carne e leite pra nos manter saudáveis, principalmente na infância e adolescência. Se você tiver as informações corretas sobre proteínas, ferro e cálcio nos vegetais eles ficarão mais tranquilos e você não vai colocar a saúde em risco. Isso também vai mostrar aos seus pais que você é responsável e maduro(a) suficiente pra fazer escolhas alimentares conscientes.

-Leia e peça pros seus pais lerem alguns artigos sobre veganismo escrito por nutrólogos e nutricionistas. É importante expor um argumento de autoridade pros seus pais, afinal se profissionais de saúde e nutrição concordam que é possível ser veg e saudável, fica mais difícil discordar. Recomendo os textos do Dr Eric Slywitch, que é nutrólogo e vegano, e de George Guimarães, que é nutricionista e também vegano. Alguns artigos indispensáveis:

Crianças e adolescentes vegetarianos (Eric Slywitch)

O que eu coloco no lugar da carne? (George Guimarães)

Ferro na dieta vegetariana (George Guimarães)

Cálcio na dieta vegana (George Guimarães)

Sobre a suficiência proteica da dieta vegana (George Guimarães)

-Se seus pais não são adeptos de leitura on-line, ofereça o livro “Alimentação sem carne – Guia prático”, do Dr Erik Slywitch. Ainda não tive a oportunidade de ler esse livro, mas uma leitora (e amiga) nutricionista leu e disse que ele é excelente. Ela é onívora e tinha vários preconceitos com relação à dieta vegetal, mas disse que depois da leitura desse livro, que é extremamente bem argumentado (com base em pesquisas científicas), sua opinião mudou completamente.

-Consultar um nutricionista e pedir uma dieta vegetal que cubra todas as suas necessidades pode ser uma boa ideia, mas somente se o profissional em questão for aberto ao veganismo. Infelizmente a maioria dos nutricionistas ainda tem muita resistência à dieta vegetal, apesar da ADA (Associação Dietética Americana) ter afirmado que “(…)dietas vegetarianas apropriadamente planejadas são saudáveis, adequadas em termos nutricionais e apresentam benefícios para a saúde na prevenção e no tratamento de determinadas doenças. Dietas veganas e ovo-lacto-vegetarianas adequadamente planejadas satisfazem as necessidades nutricionais de bebês, crianças e adolescentes e promovem o crescimento normal “. Recomendo dois artigos sobre o assunto: Sobre nutricionistas e a resistência ao vegetarianismo, de George Guimarães, e Por que muitos profissionais de saúde têm preconceito contra o vegetarianismo? de Erik Slywitch. A solução é perguntar na hora de marcar a consulta se o nutricionista em questão é simpatizante da dieta vegetal. Alguns leitores me contaram verdadeiros pesadelos vividos em consultórios de nutricionistas pró-carne (uma nutricionista sugeriu tratamento psicológico pra “curar” uma vegetariana!), então se não tiver sorte com o primeiro profissional consultado, não hesite em procurar outro.

-Mostre aos seus pais exemplos de pessoas que se tornaram vegs na infância e na adolescência e que vão muito bem, obrigado. Nessa página do Centro Vegetariano, por exemplo, tem várias entrevistas com mães vegetarianas/veganas que estão criando seus filhos no mesmo regime (desça até o final da página pra ver as entrevistas). Quem lê Inglês pode consultar essa página do VeganHealth.org onde é possível ler sobre várias crianças veganas, com fotos mostrando o crescimento delas ao longo dos anos (algumas já são adolescentes). Muitos anos atrás li um artigo lindo escrito por uma menina americana de 12 anos, vegana desde que nasceu, sobre as razões que a levaram a se manter vegana. Hoje ela tem 17 anos e continua escrevendo sobre veganismo. Os artigos podem ser lidos aqui (em Inglês, mas nada que Google Tradutor não resolva).

-Mostre aos seus pais como a comida veg pode ser deliciosa. Leve eles a um restaurante vegetariano/vegano na sua cidade. Aproveite pra puxar papo com os donos (incluindo seus pais na conversa, claro) e peça pra eles falarem um pouco sobre vegetarianismo/veganismo (Desde quando eles seguem esse regime? Eles têm filhos?). Peça um livro de receitas vegs de presente na próxima data comemorativa (seu aniversário, natal etc.) e incentive seus pais a descobrir pratos novos. Mostre a eles blogs de culinária vegetal pra convencê-los que veganos não comem só alface. Aconselho particularmente o site Vegetarianos comem o quê? Além de ser recheado de vídeos com receitas apetitosas, esse site foi criado por uma família vegetariana e três gerações participam dos vídeos.

-Por último, mas não menos importante, coloque a mão na massa. Talvez seus pais acabem entendendo suas razões pra se tornar veg e tenham se convencido de que a dieta vegetal não vai comprometer a sua saúde. Mas na hora de colocar o vegetarianismo/veganismo em prática pode ser que o cozinheiro da casa (sua mãe, seu pai ou outro) simplesmente não saiba o que fazer pra você comer. Se torne íntimo(a) do fogão e prepare pratos vegetais saborosos pra toda a família. Assim você mostrará que tipo de comida eles podem preparar pra você. Mostre receitas, sugira adaptações nos pratos (feijão cozinhado sempre sem carne, por exemplo) e dê sugestões pro cardápio semanal. Lembre-se que a decisão de ser tornar veg foi sua, então é sua responsabilidade fazer isso acontecer.

Se você seguiu todas as recomendações acima e mesmo assim seus pais não mudaram de opinião e continuam te proibindo de adotar o vegetarianismo/veganismo, infelizmente você terá que ceder. Fico muito triste em dizer isso, pois sei o quanto é difícil passar por cima das nossas convicções. Fico mais triste ainda em constatar que a rejeição das pessoas com relação ao vegetarianismo/veganismo é fruto de preconceito, falta de informação e, às vezes, pura má vontade. Mas no caso dos seus pais, tem também o medo que esse regime tão diferente do que eles estão acostumados tenha consequências negativas no seu desenvolvimento.

Enquanto você viver sob o mesmo teto que os seus pais e for sustentado(a) por eles, terá que obedecê-los. Eles provavelmente precisarão de mais tempo pra aceitar sua decisão, então seja paciente. Tente entender os motivos deles, não se revolte e, sei que isso vai parecer muito difícil, seja grato(a) pelo amor que eles sentem por você. Se eles não te amassem não se preocupariam tanto com a sua saúde e o seu bem estar. Mas não perca as esperanças. Pode ser que com o passar do tempo, ao ver que suas razões são sinceras, que suas convicções não mudaram e ao constatar o quanto ser forçado(a) a comer produtos de origem animal te deixa triste, a opinião dos seus pais acabe evoluindo. Só posso desejar toda a sorte do mundo aos adolescentes que estão passando por uma situação parecida e se meus leitores tiverem mais algum conselho pra eles, sintam-se livres pra escrever umas linhas nos comentários.

24 comentários em “Como enfrentar a resistência dos seus pais com relação ao veganismo

  1. olá!!!
    adorei o texto e as indicações, super completo;
    espero que eu consiga acrescentar algo, penso que como passei por isso, talvez ajude quem precisar.
    passei por algo semelhante, pois, desde os 4 anos escolhi o vegetarianismo; mas, como eu era muito pequena e não conhecia ninguém assim, só sabia que não queria comer animais; quando eu tentava mastigar sentia nojo e minha digestão era outra se eu engolia, era notório que não me fazia bem aquele tipo de alimentação.
    minha mãe sabia que eu não queria comer aquilo pois não queria comer animais, já q até um pouco antes dos 4 eu a perguntava se aquela carne era do mercado ou era do boi, da galinha… se ela me dizia que era do mercado eu comia. (já via a possibilidade de carne vegetal, quando a descobri nem acreditei!) Mas, ela dizia para todos que eu não gostava, e assim todos compreenderam.
    quando eu cresci um pouquinho eu tentava explicar que era muito estranho mastigar um animal, as pessoas riam de mim e me diziam que isso não tinha sentido, e aí tentavam me convencer de comer carne, queriam que eu experimentasse e até se recusavam em preparar algo diferente para mim.
    então, desde muito nova, aprendi que eu precisava dizer que eu não gostava, que a carne me fazia mal, aí sempre aceitavam, não me enxiam o saco e ainda preparavam algo gostoso vegetariano. incrível a insensibilidade das pessoas, mas, para me proteger daquela enchida básica de saco, eu dizia que não gostava e pronto, e o pior que para todos isso me fazia menos “mimada”, pq eu nunca gostei, então era natural, fazia parte da minha personalidade. enquanto o que é natural é uma criança não querer comer um animalsinho!
    só estou conseguindo deixar claro que esta é uma escolha ética, agora com 22 anos, e muito aos poucos. aprendi como e o que falar com quais pessoas.
    existe um preconceito danadoooo, e o jeito é se armar de bons argumentos e de autoridades. além de aprender a nao se aborrecer com pessoas implicantes e ignorantes, eu já me aborreci tanto, tanto, tanto, que hoje é uma questao de psicoterapia eu me conter e saber como e o que falar, e se dá para falar. quando nao dá, eu recorro a minha velha desculpa: “ah eu nao gosto de carne (e outros de origem animal), me faz muito mal, se como passo mal durante dias, e o gosto é muito forte chego aficar enjoada;” aí pronto, ninguém te enche o saco. é claro, que sempre tem um que fala: “mas, então vc come o que?”, “e vc nao tem problemas com nutrientes?” aí vc vem com o seu discurso preparado e consciente sobre alimentaçao vegetariana.
    infelizmente, é preciso esconder por um periodo que esta é uma escolha ética, nem que seja no primeiro impacto, depois, se a pessoa der abertura vc pode enche-la de milhares de argumentos e incentiva-la a experimentar;
    eu quando posso “catequizo” todo mundo!!!

    bom, esse foi o jeito que minha mãe e eu arrumamos de nos defender. vc encontrará o seu;
    sei que pode ser mais grave, quando os pais não aceitam, na verdade, minha mãe demorou para entender que eu não precisava comer nem peixe, nem molhos, e nem ovos, foi um longo processo… e hoje aplico a mesma técnica que ela aplicava com os nossos parentes para me defender, para eu me defender dela com o leite e ovos…

    😉
    espero que não desistam e que obtenham sucesso nesta atitude de amor.

    abraços,
    Maria Alice

    1. Nossa, é incrível como dizer que não gosta de algo é mais aceitável que qualquer outra coisa. Um amigo me diz isso toda vez que estamos em algum lugar e eu tiro meu lanchinho da bolsa. “ah, se você não gostasse, eu entenderia. Mas por escolha? Deixa de bobagem”.
      É bizarro o quanto ouvimos comentários esquisitos…

      1. É que a maioria das pessoas é controlada pelo estômago (“Como o que acho gostoso”) e o veganismo ético é uma escolha que fazemos com a cabeça (e o coração). Isso choca muita gente, já que é um conceito totalmente estranho pra eles.

    2. Obrigada por compartilhar a sua história conosco, Maria Alice. Embora eu ache importante educar as pessoas sobre o veganismo, tem horas que a gente só quer comer o nosso tofu em paz. Também não perco o meu latim com gente que está claramente de má vontade, ou que é capaz de conversar respeitando o interlocutor, nem de oferecer argumentos inteligentes.

    3. Oi tenho 15 anos e virei ovo lacto vegetariana aos 14.. Encontrei problemas com família também. E de vez enquanto minha mãe da umas crise e meu irmão mais velho mimado por ela da apoio me enchendo o saco, nesse 12/10/2015 ( amanha porque me esqueci que mel era derivado mas já estou largando ovo e o resto a um bom tempo) decidi me assumir vegetariana estrita.. Da minha família quem não é contra é minha irmã mais velha .. Mas dessa dieta ate ela veio encher o saco.. Ai encontrei esse post q ajudou mt.. Fico grata

  2. Ah Sandra! Outro post maravilhoso, com certeza vai guiar muita gente. Quando virei vegetariana para os meus pais era apenas “fogo de palha” hoje após 5 anos acredito que eles achem que foi a melhor coisa que me aconteceu. Minha alimentação está mais saudável do que em outras fases da minha vida. Vale salientar que esses jovens não estão sozinhos existe sites, fóruns, páginas falando de vegetarianismo (como o Papacapim), onde o contato com outros vegetarianos pode ser bem mais fácil do que achar um na sua cidade (eu por exemplo só conheci um “ex-vegetarianos” e outro realmente vegetariano).

    1. Nem tinha pensado nisso, mas é verdade que ajuda muito conversar com pessoas que estejam passando pela mesma situação e se dar conta que não estamos sozinhos. Fóruns são ótimos lugares pra trocar ideias e compartilhar experiências. Obrigada pela dica.

  3. Sandra, a dica “ponha a mão na massa”, por ser mais importante, poderia ter mais destaque…
    A partir do momento em que uma pessoa decide qual dieta quer escolher, que é dona do seu nariz, não pode dar ordem sobre o que os outros vão cozinhar. É um princípio que vai além do veganismo. Se alguém quer comer carne, mas a pessoa que comanda a cozinha é vegetariana, ninguém pode ordená-la a cozinhar carne (a não ser que ela esteja sendo paga para fazer isso, e o contrato não prevê o que ela vai cozinhar). E vice-versa.

    O meu marido não come carne nem frango (come derivados do leite, ovos e peixe), mas não cozinho exclusivamente para ele. Quando ele quer um prato vegetariano, ele vai para a cozinha, ou quando posso, separo a comida antes de colocar carne. Não sou obrigada a fazer vários pratos. (abro excessão para quem está doente ou tem alergia, se não tiver condição de cozinhar).

    Além disso, preparar a própria comida é aprender sobre a Vida, um ciclo interminável. Ao colher uma mandioca, o ciclo de vida daquela planta está sendo encerrada, e devemos ser responsáveis para que haja o mínimo de desperdício de uma vida. Saber o lugar que ocupamos na cadeia alimentar é importante na ética alimentar.

    Quando assumi o “cockpit” da cozinha, foi um prazer. Há tanta coisa para descobrir, decifrar! Misturas que dão certo, erros crassos mas engraçados, causos, anatomia! Este prazer só sabe quem realmente bota a mão na massa!

    1. Yoko, eu também acho que é extremamente importante ter pelo menos um mínimo de intimidade com as panelas. É algo útil pra todos, não só veganos, e pra mim saber cozinhar significa liberdade: liberdade de comer o que eu quero e do jeitinho que eu gosto. Não consigo imaginar uma vida onde eu dependeria totalmente de alguém (ou dos congelados do supermercado, ou de restaurantes) pra me alimentar. Como disse, pra mim seria como perder parte da minha liberdade.

      Mas discordo quando você diz que colocar a mão na massa é a dica mais importante. Isso provavelmente é verdade pra adultos veganos, mas não podemos esquecer que o texto foi escrito com a intenção de ajudar adolescentes vegs. É difícil pra mim imaginar uma adolescente de 13 anos, que provavelmente passa a manhã inteira na escola, chegar em casa ao meio dia, faminta, ver toda a família se sentar à mesa pra comer e ser obrigada a preparar um prato vegetal exclusivamente pra ela enquanto assite aos seus irmãos comer o que a mãe ou o pai preparou. Também acho pouco provável a mãe dessa menina dizer pra filha: “Vou cozinhar pros seus irmãos, mas já que você resolveu ter um regime diferente do nosso, terá de cozinhar pra si mesma de agora em diante”.

      Eu tenho uma sobrinha de 14 anos que é a única vegetariana da casa. Ela vai à escola de manhã, chega em casa por volta do meio dia, toma banho, almoça e sai novamente, pois faz cursinho à tarde (ela está se preparando pra fazer a prova da escola técnica de Natal). Quando volta do cursinho, de noitinha, ela faz os deveres de casa e estuda mais um pouco. Se minha sobrinha tivesse que preparar o seu almoço ela não teria tempo de ir ao cursinho à tarde. Felizmente a mãe dela é compreensiva e faz sempre feijão sem carne, arroz e alguma verdura, que todos comem, além de carne ou frango pros onívoros da família. Não custa nada pra minha cunhada preparar o almoço assim, ela não está fazendo nenhum trabalho extra. Por isso não vejo problema nenhum pros pais adaptarem um tiquinho o cardápio da casa e satisfazer a todos, onívoros e vegs. Felizmente o nosso almoço tradicional é veg-friendly, com a condição de não colocar carne no feijão (arroz é sempre vegano, salada e verduras refogadas também e carne/frango/peixe são geralmente preparados separadamente).

      Acho que pros adolescentes sugerir adaptações no cardápio, como as citadas acima, e mostrar aos pais que não é preciso mudar muita coisa na rotina da famíla pra preparar pratos pro(a) filho(a) vegano(a) é mais importante do que colocar a mão na massa. Claro que se eles tiverem tempo livre pra cozinhar, devem sim se aventurar na cozinha.

  4. Concordo que é bom aprender a cozinhar, mais pra termos mais liberdade sobre o que comer e tudo mais. Mas não acho que ‘quem manda na cozinha’ é algo assim tão estático. Se uma pessoa não teria problemas
    em cozinhar algo diferente pra um alérgico, por que não cozinharia pra um vegetariano? Ok, tem várias coisas em jogo,
    mas suponhamos no Brasil: a maioria das pessoas de classe média come arroz e feijão todo dia. Custa tanto assim o
    cozinheiro da casa não colocar caldo de carne no feijão? Se alguém da casa não gostar, ele não vai fazer. Mas se não quer comer
    por escolha, então está errado?

    Tenho uma amiga que se tornou vegetariana. A mãe dela disse ‘ok, então a partir de hoje vc faz a sua comida. Não tenho nada com isso’.
    Sabe, ela mantem a dieta dela, mas isso gerou um desconforto em casa, que poderia ser contornado. A gente vive em Minas, no interior.
    Ok que carne e queijo estão presentes sempre, mas o básico aqui é arroz+feijão+salada+legumes, além disso. Não precisava desse estresse, nem mudaria tanto a rotina da casa…

    Enfim, acho que a Sandra bateu nos principais pontos. Antes de tudo, o mais importante é saber informar as pessoas mais próximas
    das suas razões e mostrar dados que as tranquilizem em relação a todos esses mitos que vivemos ouvindo. Uma vez que isso realmente é superado,
    o processo todo pode ser mais leve. Mesmo que seja pra um adolescente aprender a cozinhar – o que eu acho uma ótima coisa –
    não vai ser algo que divida a família ao meio.

    1. Também acho que com um pouco de boa vontade de ambas as partes dá pra cozinhar pra todos e fazer todo mundo feliz. Como você disse, no Brasil onde o almoço básico é feijão, arroz e verduras, não tem complicação nenhuma preparar esses pratos veganos e fazer uma proteína animal do lado (já é o que a maioria das pessoas faz, veganas ou não).

  5. Acho que nunca te contei Sandra mas como sou estudante, também vivo com os meus pais (pois não faria sentido nenhum viver sozinha a menos de 1h de transporte da faculdade)… Mudei completamente de alimentação aos 17 anos, mas cerca de 1 ano antes já não comia carne vermelha e quase não tocava no leite… Foi um processo gradual, e com o que a internet me informava fui também falando com os meus pais, mas admito que inicialmente foi um pouco complicado e chegamos a discutir porque eles pensavam que eu queria emagrecer…Enfim, o objectivo claramente não era esse e até cheguei a engordar 1 ou 2 quilos a comer de uma forma saudável para provar que estava correcta. Actualmente eles acreditam que foi das melhores decisões que eu poderia ter tomado, pois para além desta decisão me ter tornado uma pessoa mais saudável, acredito que sou mais feliz, pois também me moldou como pessoa, e fez-me descobrir o que realmente gosto, cozinhar (e escrever no meu blog) e nutrição (sim, sou estudante de Ciências da Nutrição por causa do vegetarianismo 🙂 )

    Conselhos para outros jovens:
    – Aprendam a cozinhar e vejam as receitas do Papacapim por exemplo! Mesmo tendo 13 anos é possível, eu aos 10 já punha a mão na massa 😉 E se forem estudantes façam sempre 2 doses, uma para o dia e guardem a segunda para o dia seguinte, assim poupam tempo;
    – Façam mudanças graduais na vossa alimentação e falem com os vossos pais sobre elas; Por exemplo eu comecei por tornar os meus pequenos almoços e lanches completamente veganos, isto porque eram as refeições que não estavam dependentes dos outros, e só depois é que ganhei coragem para pedir à minha mãe para eu cozinhar para mim mesma;
    – Consultem um médico ou nutricionista bem informado e façam análises ao sangue (nem que seja só para os vossos pais ficarem descansados!)
    – Leiam os conselhos da Sandra que são fabulosos e os artigos e livros que ela recomendou!

    1. Márcia, obrigada por ter contado um pouco da sua história aqui. Achei sua dica de fazer mudanças graduais na alimentação ótima! É verdade que o café da manhã (ou pequeno almoço, como vocês chamam aí em Portugal) e o lanche geralmente são preparados pelo adolescente, então ele pode controlar o que vai comer. Também acho que nunca é cedo demais pra aprender a cozinhar. Lá em casa nós aprendemos a nos virar na cozinha (pelo menos no café e no jantar) muito cedo. Isso é algo valioso demais, que nos acompanha ao longo da vida.

  6. Parabéns pelo post. E para a Gabriela, parabéns pela coragem, com tão pouca idade. É importante mesmo aprender cedo a lidar com a resistência alheia à nossa opção nutricional. Sou 20 anos mais velha que essa jovem leitora e sofro de preconceito semelhante. Gente que fala indignada que eu não como nada, sugerindo que não dá para cozinhar para mim, gente que me critica e me provoca sobre o fato de não ingerir leite e derivados ou os “amigos” que me pedem para abrir uma exceçãozinha quando saímos para jantar.

    1. Flávia, sinto muito em saber que o seu meio é tão hostil com sua escolha alimentar. Acho que nesse sentido tenha muita sorte, pois minha família e amigos são muito compreensivos. Não sei como você lida com essa hostilidade, mas eu percebi que a maneira como nos comportamos com relação ao nosso veganismo dita, ou pelo menos controla um pouco, a reação das pessoas. Se você agir de maneira positiva, sem julgar ou outros, respeitar o regime deles e mostrar o quanto comida vegetal é saborosa, as pessoas ao redor te aceitarão mais. Mas talvez você já faça isso tudo e mesmo assim seus amigos continuem sem te aceitar. Nesse caso eu me perguntaria se essas pessoas são realmente suas amigas…

      1. Oi, Sandra! Obrigada pelo seu comentário. Agora há outros vegetarianos na família, então eu não fico sozinha e também não sou a única causadora de “inconvenientes” nas refeições (tipo “fiz isto aqui só para você”). Mas de vez em quando surgem perguntas capciosas ou alguém dizendo “não se pode ser radical em nada na vida”. Isso porque eu sou a única vegana. Quando alguém me pergunta algo com jeitinho e se mostra aberto ao conhecimento, eu respondo da melhor maneira que posso, envio vídeos e textos pertinentes e aos pouquinhos vou ganhando a simpatia da pessoa para o meu estilo de vida. Ah, minhas receitas veganas entram sempre que possível, ainda mais agora que conheci o Papacapim, já salvei diversas aqui no meu computador para mostrar que a nossa alimentação pode ser ainda mais rica e curiosa do que se pensa. Beijão!

    2. Ola!!
      Meu nome é Eduardo moro em São Tomás de Aquino MG (onde não tem nenhum vegetariano creio eu) sou ovo-lacto-vegetariano ha 17 dias atras.
      Tenho 14 anos e minha familia inteira acha o veganismo/vegetarianismo algo errado (não religioso) e que eu posso ficar doente ou morrer com esse novo estilo.
      Uma das defesas anti-veganas dele é a vitamina B12 e a religião, porém sigo forte perante as ameaças de minha mãe.
      Um dos meus sonhos e no futuro ser 100% vegano mas até la vou ser ovo-lacto-vegetariano.
      Com amor
      Eduardo.

  7. Oi, meu nome é Stephanie tenho 11 anos,(quase 12,falta 15 dias), desde os 8 anos mais ou menos,queria ser adepta ao vegetarianismo, a 2 dias atrás resolvi que iria começar e que não tinha para que esperar, só que meus pais não aceitam de jeito nenhum,já conversei,tentei pedir para que me levassem a um nutricionista e nada! eles simplesmente acham que eu vou ficar doente é que e apenas birra..,me preocupo com os animais,com o meio ambiente e com minha própria saúde.O que eu faço?

    1. Stephanie, sinto muito por você não poder se alimentar da maneira como o seu coração deseja, mas todos os conselhos que eu daria pra alguém na sua situação estão no texto acima. Te desejo toda a sorte do mundo e não esqueça que você só tem 12 anos e está fazendo o que pode, com os meios que estão a sua disposição no momento, mas você vai crescer e isso vai mudar.

  8. alguém sabe algum grupo de apoio para quem está começando isso?eu acabei de começar, faz 3 dias que não como carne, por enquanto sou ovo lacto vegetariana mas pretendo ser vegana definitiva, mas ta sendo difícil. comecei a não querer comer carne por causa de um vídeo de como os animas são tratados nos frigoríficos e decidi não comer mais carne.
    Por favor alguém sabe de algum grupo de apoio para iniciantes?

  9. Tenho 11 anos, resolvi ser ovo-lacto-vegetariana tambem, ninguem da minha fqmilia concorda, estou a 16 dias sem carne nenhuma, so q as vezes minha ame coloca o vegetarianismo contra mim, nao adianta falar pra ela que nao vai me fazer mal, ela nao se interessa em procurar saber mais sobre isso :'( , as vezes ela me impede de fazer coisas, ela diz q se eu nao comer carne ela nao deixa eu fazer algo q gosto, ela vive fazendo coisas com frango q e minha maior dificuldade de de largar so pra mim ficar com vontade e voltar a comer carne, uma coisa que faco quando tenho vontade de comer carne olho para carne no prato, feho os olhos e elembro de imagens de abatedouros, isso me ajuda mais queria mais dicas, quem ouder ajudar agradeço desde ja 🙂

  10. olá, sou a catarina, tenho 17 anos e fiquei muito comovida com este relato porque atualmente estou a passar pelo mesmo. Não só não sou autorizada como ainda ridicularizada. A minha irmã está a estudar nutrição e de cada vez que tento falar com os meus pais acerca de me tornar vegan, ela insiste em dizer que a proteína animal tem maior qualidade e que os substitutos não são saudaveis. Neste momento sinto-me bastante revoltada com ela porque ela nao o faz por preocupação mas porque acha que como adolescente que sou estou apenas numa fase da vida em que pretendo ser do contra em tudo. Durante a semana são algumas as vezes em que almoço sozinha e em todas elas aproveito para evitar os produtos animais mas tenho feito ações das quais não me orgulho. Despejo comida pela sanita para que ninguem desconfie de que não comi e ainda minto à minha mãe dizendo que a comida estava boa. sinto-me bastante sozinha e isolada socialmente pelas minhas ideias mas não penso em abandona-las. Não julgo ninguém mas tenho a certeza de que estou no caminho certo para a melhor versão de mim mesma. POR FAVOR ME AJUDEM <3

  11. Oi , meu nome é Eva e tenho 13 anos . Quero virar ovolactovegetariana, parei de
    Comer carne vermelha já faz 2 meses e quero parar de Comer frango,
    Mas a minha mãe não está aceitando, pois acha que não vai ter
    Alimentos que substitua a carne . Vou tentar aplicar essas dicas para
    Ver se ela muda de ideia ou vou ter que esperar um tempo pra ela
    Se acostumar.

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