Como preparar brócolis

Eu provei uma imensa variedade de legumes na minha vida, adorei todos (menos quiabo) e nunca recusei um vegetal que aparecesse na minha frente (a única excessão foi o aipo-rábano que encontrei na Irlanda, mas ainda estou arrependida!). Sendo eu uma grande amante de legumes, fica difícil escolher meu preferido, mas acho que tem um que eu adoro mais ainda que os outros: brócolis. Eu poderia comer brócolis todos os dias, no almoço e no jantar, sem nunca reclamar. E ainda por cima acho ele uma das coisas mais lindas que a natureza criou. Observe um brócolis bem de perto. Parece um monte de mini bonsais juntinhos, formando uma mini floresta de mini bonsais, não? Pra mim parece.

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Como preparar cenoura

Depois do merecido chocolate quente, voltemos aos nossos legumes. Cenoura é um dos poucos legumes que são unanimidade: quase todo mundo gosta. Mas ser apreciada por todos não é sempre uma vantagem. Sem precisar fazer esforços criativos pra transformar a cenoura em algo interessante, afinal ela agrada a todos, os cozinheiros não costumam dar uma atenção especial à probrezinha. Na minha família cenoura só era preparada de duas maneiras: cozida no vapor junto com outros legumes, que acabavam todos envolvidos em uma espessa camada de maionese, ou ralada e misturada a outras verduras cruas na salada. (Uma das minhas primas gosta de preparar bolos de cenoura, mas quando ela se tornou nossa vizinha e passou a dividir regularmente sua produção de bolos conosco, eu fui morar no velho mundo e não pude aproveitar essa delícia.)

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Como preparar couve

Inaugurando a série de artigos sobre como preparar legumes, aqui está um dos meus vegetais preferidos: couve. O acompanhamento típico do nosso prato nacional, a feijoada, merece ser degustado com mais frequência. 100gr de couve (crua) contém 1,3gr de proteína, 2,5gr de fibra, minerais, vitaminas (63% da vitamina K e 61% da vitamina C que precisamos em um dia) e somente 25 calorias.

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De amor e de veganismo

Salada de lentilha e pera

Quando comecei a cozinhar pra Anne, no início do nosso relacionamento, eu me deparei com o problema que muitos veganos enfrentaram (ou enfrentarão) algum dia: eu tinha me apaixonado por uma onívora e não sabia o que preparar pro jantar. Minha amada não era só onívora, ela era francesa. Na França uma refeição só é digna desse nome se nadar na manteiga e no creme, tiver pelo menos dois tipos de bicho morto e terminar com uma bandeja de queijos. Pior ainda, minha amada onívora francesa vinha da Auvergne, uma região no coração da França, famosa por transformar porquinhos indefesos em um número inimaginável de produtos comestíveis. Lá os bebês passam do mingau diretamente pro salame (Só Jesus Cristo salva!). Pensei: “Onde fui amarrar o meu bode?” (Se você não tem família morando na caatinga e desconhece o palavriado local, aqui vai a tradução: “Onde fui me meter?”)

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Está faltando alguma coisa no seu prato?

Burguer de lentilha e beringela

Esse fim de semana hospedamos uma amiga australiana aqui em casa. Eu não conheço muitos australianos, mas parece que o churrasco é uma parte essencial da vida deles. Essa amiga se comportou como uma boa australiana adoradora de churrasco durante os últimos 61 anos, mas mês passado ela recebeu uma notícia que a fez refletir sobre suas escolhas alimentares. Seu médico avisou que com a taxa de colesterol e pressão altíssimas, casos de infarto na família e muitos quilos em excesso, ela se encontrava em uma situação de alto risco. O alarme na cabeça dela disparou e dias depois ela chegou aqui em casa dizendo que queria ser vegana por três meses pra baixar suas taxas e recuperar a saúde perdida. Quando eu disse que Bill Clinton também estava seguindo um regime quase exclusivamente vegano (ele come peixe de vez em quando) pelos mesmos motivos, ela se empolgou ainda mais. Se Bill conseguiu, ela também ia conseguir! Antes de ir embora ela me pediu dicas sobre alimentação vegetal, nutrição e até pegou emprestado um dos meus livros de receitas veganas.

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Amor verde

Salada de espinafre com abacate e tomate

Essa semana estarei mais ocupada do que nunca. Além dos projetos (inúmeros e todos voluntários) que coordeno normalmente, estou substituindo um professor da escola maternal francesa de Belém. Passar cinco dias tomando conta de crianças de três anos não me empolga nem um pouco, mas eu já falei que o trabalho que faço aqui é voluntário?  Pois bem, quando aparece um emprego pago eu não posso recusar, mesmo quando o emprego em questão envolve acompanhar criancinhas ao banheiro de cinco em cinco minutos.

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Gripada, mas sempre faminta

Ratatouille

Desde a semana passada convivo com uma gripezinha chata que vai e volta sem no entando me deixar de vez. É muito raro eu ficar doente, acredito que devo isso à minha dieta super natural, então não vou reclamar. Até porque a gripe que me acompanha atualmente, além de não ser das mais pesadas, tem uma característica muito estranha: abriu meu apetite. Parece que quando o tempo esfria nada consegue calar meu estômago. Passei a semana me sentindo febril, com dor de cabeça e nariz escorrendo, mas isso não me impediu de fazer sopa atrás de sopa (meu jantar preferido no inverno) e até assar uma dúzia desses bolinhos maravilhosos.

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Muitas lembranças e uma receita

Maxixes

Voltei de viagem no final da semana passada e ainda estou escondida na minha caverna. Hoje é segunda e as férias estão oficialmente acabadas. Não posso continuar ignorando o trabalho acumulado e a pilha de emails esperando resposta, mas minha mente teima em ficar sonhando com as horas passadas no sítio dos meus pais, com a macaxeira cozida, o abraço dos sobrinhos, as tapiocas, o feijão da minha mãe, o carinho dos meus irmãos (e as discussões travadas com eles), o cuscuz de Daída…

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Bruschetta

Quando você leva pra casa os tomates mais estupidamente vermelhos e suculentos que você já viu, e que ainda por cima eles são orgânicos, o que fazer com eles? Se por acaso acontecer de você também ter levado pra casa um pão rústico, denso na medida certa e com uma bela crosta a resposta é uma só: bruschetta. Essa entrada italiana, que pode igualmente ser servida como aperitivo, é provavelmente a receita mais simples do meu repertório, mas dependendo dos ingredientes usados ela pode atingir um surpreendente nível de gostosura. Sei que uma fatia de pão tostada, com um pouco de alho e azeite, generosamente coberta com tomates parece humilde demais pra ser gostoso, mas só quem já provou uma autêntica bruschetta sabe do que estou falando. Mais uma vez, o segredo é usar ingredientes frescos e de primeira qualidade.

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Quando o verão chegar (aí)

Salsa de Manga

Enfrentei um dilema gastronômico-geográfico antes de escrever esse post. Moro no hemisfério norte, o que significa que enquanto é verão aqui na Palestina, é inverno aí no Brasil. Aonde entra a parte gastronômica do problema? As frutas e verduras que encontro no mercado nesse momento só estarão a disposição dos meus leitores brasileiros daqui a seis meses. Então o que fazer se eu quiser publicar uma receita que ninguém vai poder fazer agora? Devo esperar até dezembro, quando o verão, e os ingredientes da receita, chegarão no hemisfério sul?

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Abre-te sésamo

Salada Árabe e Molho de Tahina

Hoje eu quero dividir com vocês uma das maiores descobertas culinárias que fiz desde que me mudei pra Palestina: tahina. Tahina, ou tahini, é uma pasta de gergelim (as sementes são moídas até liberarem o óleo e se transformar em pasta) usada em vários pratos por aqui e nos países vizinhos. Ela entra na composição do famoso humus e de outras delícias pra espalhar no pão. Também é a base de um molho super cremoso usado em saladas cruas mas que também gosto de usar em saladas cozidas, no lugar da maionese. Os palestinos e israelenses gostam tanto desse molho que eles comem puro, com pão.

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Sementes: uma mina de saúde

Mix de sementes

Existe uma maneira simples e saborosa de acrescentar nutrientes à sua dieta. Sementes de jerimum, de girassol, gergelim e linhaça são uma mina de saúde. Essas sementes fornecem fibras, proteínas, vitamina E e do complexo B, ômega 3 (no caso da linhaça) e minerais como ferro, cálcio, magnésio, selênio, zinco e manganês. E pra ficar ainda melhor, são isentas de colesterol (como todo vegetal) e possuem as “gorduras boas” que protegem o coração. Continuar lendo “Sementes: uma mina de saúde”

Adulterando receitas

Tabule adulterado

“Tabule” é um prato libanês bastante famoso em alguns lugares do país. Com tanto descendente de libanês morando no Brasil (tem mais libanês no Brasil do que no Líbano!), não é de se surpreender. No meu estado, porém, esse prato é totalmente desconhecido. A primeira vez que comi tabule foi em Paris, durante meus anos de universitária na cidade luz. Eu comprava tabule no supermercado quase toda semana.  Feito com semolina, algumas verduras, passas e um pouco de menta, eu achava aquilo tão gostoso que até esquecia todo o óleo e conservantes que comida comprada pronta tem. Eu não conhecia nada da culinária árabe e na minha grande ignorância pensava que estava comendo algo grego.

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